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Bug Sociedade: “Vencer ou Perder?”





Parece simples de decidir – entre vencer ou perder, vencer, claro! – Mas uma resposta assim,

só faz sentido se todos forem imediatistas e esquecerem que a vida tem sempre o segundo, terceiro ou quarto round prontinhos pra serem colocados em prática a qualquer momento e que vencer ou perder, se não se está num jogo, daqueles com placar, claro – é interpretativo.


Um jogo, portanto, é bem mais objetivo do que um debate entre candidatos – objetivamente: SIM. As assessorias têm se esmerado tanto em blindar seus chefes que o resultado real do debate é que todos vão dormir porque tudo precisa estar previsto, combinado e acordado – exatamente o que não acontece na vida de todos que saem da casa pra comprar qualquer coisa e podem ser atropelados, assaltados, caírem sentados, etc. Trump atropelar Biden significa que ele é colossal? Não. Significa que ele é mal-educado, grosso mesmo. Harris ser tão obediente que a questão do racismo estrutural ter ficado esquecida e sem resposta mostrou que os democratas obedecem as regras? Não. Significa que as mulheres queriam um grito de guerra que não saiu. Quem ganhou o debate então foi... a mosca que roubou a cena. Viu como a vida real se impõe, mesmo quando as assessorias enchem a nossa paciência com regras inúteis?


No caso do Brasil, colocar 15 candidatos a prefeito juntos, no mesmo ambiente, realça o clima de democracia? Não. Realça o fato de que alguém precisa diminuir a quantidade de partidos urgentemente. É uma bagunça sem resposta nenhum, afinal. Quem acreditou que um candidato a prefeito com 45 segundos pra expor uma proposta ia fazê-lo ou quer fazê-lo, ou sabe como fazê-lo ou tem objetividade suficiente para fazê-lo? Ah! Ninguém. Deveria ser como nos campeonatos; seria mais útil se fosse uma eliminatória: quem perde sai; o campeão do dia segue adiante com outro adversário debatendo propostas objetivas.


A gente vence e não aprende muito com o prazer da vitória ou eventualmente é pedagógico perder para que a gente pense um pouco na forma como lidamos com os nossos adversários? Porque no momento em que perdemos, começamos a ganhar mentalmente por todos os questionamentos internos que abrimos, por percepções de fraquezas, por reconstruções mentais.


O Brasil é tão produtivo em criação de “cegos de percepção” que já vi várias vezes o Poder Executivo colocar um “inexperiente indicado num cargo de confiança” para explicar porque seu governo não fez uma tal coisa imprescindível – e ele simplesmente amar estar na TV - sem perceber que estava na TV como “boi de piranha” do político experiente.


Portanto, não vou responder à pergunta que fiz. Você, prefere sempre vencer? Nunca se sentiu mais forte depois de perder, se refazer e voltar à batalha? Prefere que alguém faça uma indicação e simplesmente usufruir da proteção obtida? Quem é você, diante da vida?


Reforço apenas a ideia de que, se é vida, pode mudar. Isso nunca vai ficar nas nossas mãos.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


Sabemos perder e ganhar? Sabemos que as derrotas são momentos de aprendizagem onde a vida te mostra que algo que estás a fazer precisa mudar, se queres melhorar o teu rendimento e mudar o caminho? Sabemos que essa mudança é de dentro que deve surgir, apesar de parecer que é do exterior?


Sempre foram e sempre serão os professores, principalmente os de educação física e os treinadores, as pessoas com melhor formação para ensinar esses valores e esses comportamentos. Eles lidam no seu trabalho constantemente com o que é justo ou injusto, o que é certo ou errado, o que é o melhor para todos, as melhores soluções em qualquer cenário, o que fazer depois de uma derrota ou vitória. Os professores e treinadores, decidem e de seguida executam a ação, a todo o momento. Nunca perdem o “timing”, são especialistas em “feedbacks” e no senso de justiça. O aluno ou atleta é educado por eles a ser o seu próprio “supervisor” sem precisar que sejam os outros a apontar os seus erros. Dá vontade de obrigar alguns líderes mundiais e atletas, fazerem umas aulas ou treinos com alguns professores e treinadores fabulosos que conheço em Portugal. Ficavam recuperados num instante. Falo isso porque é preocupante ver líderes mundiais desobedecerem a regras descaradamente, depois de as aceitarem. Criarem o caos quando percebem que não conseguem vencer de outra forma. Utilizarem a mentira tranquilamente para resolução de problemas, para criar confusão, para desorganizar o adversário – que pode ser a humanidade. Destruir o trabalho de anos dos rivais, tentando tirá-los da “história”, prejudicando a vida de milhões de pessoas. Parece coisa de filme de crianças amuadas. Que loucura em que vivemos!


Atletas milionários e referências mundiais na sua modalidade, criam formas incorretas de quebra de ritmo da competição, de alteração do ambiente de jogo, de provocação e até de ameaça. O futebol por exemplo, onde é normal os atletas rebolarem pelo chão aos gritos como se fossem morrer, quando ninguém lhes tocou. Também é muito comum, time que está a perder no final do jogo, começar a ter jogadores que caem na grande área ou em locais adequados para a marcação de livre direto. E é impressionante como os jovens aprendem isso tudo direitinho. Nas aulas de educação física nas escolas e nos seus treinos esportivos reproduzem igualzinho tudo o que os seus ídolos fazem. E acham um absurdo o professor corrigir. Afinal quem é mais famoso? O professor ou o ídolo? Se o professor os confronta, pode ouvir por exemplo: “o CR7 tem 20 carros e o professor nem carro tem”.


Roger Federer quando era mais jovem, tinha pouco controle emocional. Existem imagens no youtube com Federer partindo raquetes. Não gostou de se ver fazendo isso, quis aprender a melhorar e se tornou um gentleman. Rafael Nadal sempre vê em si os erros quando perde. E sempre é extremamente educado com os outros atletas quando ganha. Mesmo com os que não o respeitam. De alguma forma vemos essa educação e gentileza em quase todos os tenistas espanhóis. São um enorme exemplo. Novak Djokovic, necessita amadurecer mesmo aos 33 anos. Seus pais passaram muitas dificuldades por causa da guerra e quiseram proporcionar tudo a este filho como tenista. Um menino que sempre teve tudo. O irmão mais novo também era muito bom, talvez melhor do que Novac. Mas os pais apostaram nele, por ser mais velho e o investimento brutal que fizeram só era possível ser feito com um dos filhos. Um enorme sacrifício que moralmente, deixa falhas. Novac quando está perdendo o controle do jogo, sempre aponta algo exterior a ele que o prejudica: chão escorregadio, o sol, uma lesão, uma indisposição, uma quebra de jogo para paragem médica, uma irritação generalizada, uns gritos e um discurso de menino amuado, com os olhos dirigidos à equipe técnica. Um atleta super dotado que não precisava de nada disso.


Aos 20 anos, o sueco Armand Duplantis, é o novo recordista de salto com vara, com 6,18m. É incrível ser capaz de ultrapassar a marca de Serguei Bubka, o maior atleta de todos os tempos, de salto com vara - que tive a enorme honra de conhecer, na aldeia olímpica dos Jogos Olímpicos de Sydney, no ano 2000. Duplantis, ao mesmo tempo que vemos a sua surpreendente capacidade técnica e física na execução do salto, vemos também que está deslumbrado consigo e com o que é capaz. Faz poses de super-homem, tem comportamentos de estrela e parece achar que tudo se deve apenas a si. Parece considerar que tudo é muito fácil e que tudo merece. Talvez ainda lhe faltem algumas derrotas na vida para encontrar o equilíbrio e dar o verdadeiro valor ao que alcança.


Michael Gross, o grande nadador alemão apelidado de o “Albatroz”, dizia que, quando perdia – e perdeu poucas vezes na sua carreira – e chegava em casa, seu cachorro amava ele do mesmo jeito. Uma noção clara de que a vida não são só as vitórias, nem as derrotas - é um pouco mais do que isso. E quando os holofotes se transformavam em dedos apontados, ele ia para casa tranquilo para junto do seu cachorro.


Jimmy Butler, jogador de basquetebol da NBA, abandonado pelo pai em criança, posto na rua aos 13 anos pela mãe, apenas pela sua aparência, é um exemplo de que as “derrotas” da vida não têm sempre de te derrubar. Podem te transformar e te fazer mais forte. E, sempre que se ouve suas palavras, está sempre pensando em ganhar, em tentar, em seguir, seja em que situação for. Como ele diz “não é proibido tentar. Que os outros sejam os melhores do mundo não quer dizer que eu não os possa tentar vencer.”


Os modelos profissionais de moda comentam constantemente que são recusados dezenas de vezes nos “castings”. E que por isso aprendem a levar com muitos “não’s”. Sabem que um dia pode aparecer um “sim” que vale por tudo isso. Luís Borges (@luisborgesoficial), um modelo português, precisou ser famoso internacionalmente para ter sucesso no seu país. Passou de ser gozado pelas pessoas para alguém famoso, que ganha muito dinheiro no que faz e é feliz.


Ganhar na vida de forma injusta e abusadora, mais tarde ou mais cedo, a vida ou a culpa costumam retribuir. Vejam o caso de Ted Bundy, um assassino em série, que fez coisas horríveis e que durante anos e anos negou as acusações, ridicularizando e rindo de todos. “Dizem” que quando estava muito perto de morrer, reconheceu os erros e foi consumido pela culpa.


Como a sociedade sabe perder e ganhar? Como fazemos para as crianças e jovens aprenderem a ganhar e perder? E como os adultos corrigem a forma errada como ganham e perdem? Professores, nos ajudem por favor...

Ana Santos, professora, jornalista


Foto Bug de Iemanjá, Rio Vermelho, Salvador - Bahia, Brasil

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