Conheço Leandro há muito tempo. Já trabalhei com ele, o tive como aluno, assisti a alguns de seus espetáculos, mas nunca o vi tão claramente quanto ontem em ¨Maria: um rito para a minha avó¨. Há uma força, ali – creio eu, a força do amor que ele viveu. Toda a peça percorre caminhos de amor – como veias por onde só faz sentido que passe sangue.
Muitas vezes lamento que a Escola de Teatro não aproveite melhor algumas das produções exibidas em seu palco para ajudar a compor cenicamente ao que vai ser narrado. Este é o caso, aqui. Não estamos falando dos autores imortais que ali já foram trabalhados no palco da Escola, mas de formas diferentes de falar de amor. E a forma de Leandro foi tão nossa... foi mesmo íntima, fácil de viver e imaginar.
Talvez o espetáculo pudesse ser mais curto, talvez ele pudesse se preparar para não perder o fôlego, talvez dominar a voz... mas há ali uma qualidade que sempre notei nele, coisas a serem ditas que ele pode representar, amores que ele pode descrever. E o público viu, sentiu. Participou. Totalmente. Lembrei de minhas perdas, adorei ser citada e poder fazer parte daquele contexto cênico, mas sobretudo Dona Maria, sob os olhos de Leandro, me fez olhar dentro de mim e me perguntar mais uma vez se tenho feito tudo – e o Bug Latino me respondeu que sim.
Se uma palavra pudesse resumir: emocionante.
Ana Ribeiro, diretora de teatro, cinema e televisão, fonoaudióloga
Uma peça deliciosa sobre a fantástica importância que algumas pessoas têm no nosso percurso. Uma peça original, fofa, interessante e cheia de verdades da vida. O que foi importante para o neto, para a avó, o que ajudou na vida que ele decidiu ter, na pessoa que ele se tornou. Emocionante! Vemos as nossas vidas com as tristezas e alegrias próprias de cada momento. Choramos, rimos. O ator leva-nos também numa viagem pelo interior da Bahia, pelo hábito de ter sonhos menores só porque se vive ali ou pelos esforços em tentar que alguém possa sair dali e fazer mais, fazer melhor, como se recompensasse todos os da família e do lugar. Lugares considerados sem oportunidade e que o maior objetivo de vida é ser como os avós ou os pais. Pessoas que precisam de quebrar essas ideias pré-concebidas e fazer rodar o mundo. As pessoas do interior são tão capazes como as da cidade. Adorei! Como diziam 3 senhoras professoras mais velhas, que também foram nesse dia...”todos vamos passar ou já passamos por isso. É a vida, é assim...”
Ana Santos, professora e jornalista