Bebel é filha de João e isso explica tudo! O nível de perseguição à qualidade vem do pai, que não à toa é chamado de pai da bossa nova. A voz pequena e extremamente afinada também. A família Gilberto é assim – composta de coisas tão simples que são geniais por serem exatamente assim.
Um show com voz e violão não precisa de muito mais pra ser o retrato de um ritmo suave, musical, irresistível, numa voz como poucas em controle. Bebel cresceu vendo um desfile de grandes cantores e hoje, poder sentar na primeira fila e curtir a história, a imortalização da bossa nova no mundo, as vozes que já a cantaram, tudo isso na voz de Bebel Gilberto é... DEMAIS!!!
Quem já esteve em Salvador da Bahia e no Rio de Janeiro vai entender a malemolência e a suavidade. Elas “colam” no corpo de qualquer pessoa e ninguém vai querer sair do teatro sem entender que a ginga brasileira cabe inteirinha ali. Quem não conhece ainda tem que vir conhecer e ponto final – é que não dá pra explicar – tem que sentir!
Um privilégio total pra quem foi conhecer e pra quem conhecia o trabalho de Bebel. Quem não foi porque não conhecia, digo uma coisa só: PERDEU!
Ana Ribeiro, diretora de TV, cinema, teatro
“Foi com grande expectativa que me preparei para assistir ao concerto de Bebel Gilberto na primeira fila da sala Suggia na Casa da Música no Porto. Sabia que para acompanhar a sua voz estaria Guilherme Monteiro ao violão, estando a prever um espetáculo calmo e intimista. E de facto foi... Mas foi mais do que isso... Porque Bebel consegue surpreender e desdobrar-se em mil facetas. Assim, a sua voz quente e espessa tomou conta da Sala Suggia através de vários registos, desde as melodias mais suaves e profundas às canções cheias de ritmos e alegria, envolvendo o público numa participação animada. Mas nem só de música se fez o espetáculo. Bebel partilhou algumas histórias ora divertidas ora tristes, dirigindo-se a um amigo presente no público, Stephan Elliott e que não é mais do que o realizador de "Priscilla Rainha do Deserto", filme sobre Drag Queens realizado nos anos 90. E também se referiu à sua mãe, Miúcha "que foi embora", mas a inspira mais e mais. E cantou algumas das suas canções, recordando o seu legado. Mas também se referiu ao pai , João Gilberto, também pai da Bossa Nova, estilo que lhe corre na voz... E depois desculpou-se por estar a falar muito porque pensou que a queríamos ouvir cantar e não falar... Mas o concerto de Bebel viveu de tudo isto, da sua voz envolvente e envolvida no diálogo cúmplice com o violão de um Guilherme Monteiro sublime, mas também do seu sentido de humor, da partilha de histórias e de vivências, da sua alegria contagiante e da sua capacidade de se dar de forma espontânea e genuína.
A mesma genuinidade com que assumiu que teve uma "branca" no meio do espetáculo e que gosta de alterar a ordem que estava prevista para o encadeamento das canções, assumindo a fragilidade própria dos humanos e desafiando a previsibilidade como só os grandes artistas são capazes de fazer.
No final Bebel surpreendeu de novo, quando os aplausos a chamaram ao palco e após mais uma canção nos perguntou se não nos importamos que cante outra... Não não nos importamos... não nos importamos mesmo nada que a sua voz continue cá dentro a cantar-nos histórias de amor e de dor.
Obrigada Buglatino e produções Uguru pelo convite. Obrigada Bebel Gilberto e Guilherme Monteiro pela viagem...”
Maria do Carmo Mascarenhas
Um pai que é uma lenda da música brasileira e que eu venero como tocador de guitarra. Mãe cantora, compositora e irmã de Chico Buarque. Canta em grandes palcos desde os 9 anos. Só pode dar talento e magia. Imagino o peso que também deve carregar, mas quando canta não se nota nada disso. Nos coloca num espaço de serenidade, ritmo e embalo numa pura Bossa Nova que é cativante e hipnotizante.
Tem a minha idade o que me faz sentir bem e orgulhosa de pertencer à sua geração. Também aumenta meu carinho pelo seu talento, saber que como filha, é um ser humano sensível. Alterou sua vida pela mãe, pelo pai, neste últimos anos. Linda.
Ana Santos, professora, jornalista
“Bebel é uma voz ímpar e singular.
A sua entrada em palco é de uma descontração e de uma naturalidade até mesmo cómica. De estrutura física pequena, mas no momento que começa a cantar parece que se eleva endeusando letras de génios como Cazuza e Tom Jobim. Sua voz quente e muito sensual. Momento único na sua presença. Inesquecível.”
David Manuel