Mesmo sendo de 2017, eu ainda não tinha assistido e fiquei boquiaberta com o filme. Que construção cênica incrível, que construção de personagens, que roteiro...
O fato é que eu poderia ficar aqui desfiando elogios, mas citar qual é o elenco, faz com que, ao reconhecermos sua qualidade extrema, abramos mão de mais detalhes.
O tema do filme é doença mental. Eu sou totalmente seduzida por ele. Porque já pude contribuir com aquisição e desenvolvimento de rotinas em doentes mentais, tenho profunda afinidade com eles e a forma como se pode lidar com lógicas diferentes – mas existentes.
Richard Gere. Há alguém mais cativante do que ele, em cena? Ele é o protagonista.
Peter Dinklage poderia ser categorizado e segregado; seu talento como ator, porém, o coloca no alto do pódio das grandes estrelas. Sua atuação no filme OS TRÊS CRISTOS é decisiva para o sucesso da construção. Afinal, ser Cristo – não importa se no altar ou no hospício – é talvez a mais difícil construção de personagem que existe. E foi um show.
Bradley Whitford e Walton Goggins nos fazem viver a estrutura da loucura; a junção de todo o elenco, a química entre eles, nos conduzem à gloria da percepção de que nunca basta apenas o conhecimento, mas o desejo real de ajudar – mesmo quando o caminho se torna pura descoberta, pura neblina. E isso constrói esperança. Felicidade.
Para a vilania, o antagonista e tudo o que se refere ao usual, burocrático e monótono mundo da dita “normalidade”, basta nos fixarmos no horror e fica muito simples nos jogarmos de corpo e alma num mundo que busca com real intensidade e sinceridade por respostas - não importa se ele se situa na saúde mental das pessoas ou se na falta de bom senso em deixar o planeta ir se degradando ao ponto máximo, mesmo sabendo que milhões morrerão – e isso não ser tratado como problema urgente de saúde pública, política e econômica.
O filme passa num instante e você quer mais. Quer que o mundo construa finais melhores, com pessoas melhores e num mundo concretamente melhor.
Filmaço! Podem assistir sem medo!
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Um filmão! Não fazia ideia nenhuma que existia este filme de 2017, muito menos sabia que era sobre uma história real. Mais um filme sobre as formas antigas de lidar com a doença mental. Existem alguns, extremamente importantes, como este. Dr. Alan Stone, personagem representada pelo sempre sensacional Richard Gere, era um ser humano incrível. A forma como lidava com doentes mentais, como tentou dar-lhes vida, liberdade, carinho, amizade, na verdade dar-lhes o que todos precisamos tanto para não “endoidecermos”. Curioso como tratamos os doentes de forma menor achando que estamos a fazer o bem em vez de os tratarmos com dignidade – que salva qualquer ser humano.
É um filme emocionante, instigante. Dar o vazio, a superficialidade, o ócio, a falta de futuro, de visão a um ser humano nunca lhe dará equilíbrio, felicidade, bem estar. Todos os atores e atrizes são soberbos. Richard Gere, mais uma vez nos mostra uma sensibilidade, uma expressividade e um encanto que é uma delicia assistir. Sua esposa, sua assistente, os 3 doentes mentais que se acham Cristo, o diretor, a diretora, o funcionário, etc, etc. Um show de competência. Mas eu vou salientar Peter Dinklage pela forma como me deixou encantada com a sua expressividade, seus olhares, suas mãos, a sintonia do olhar com as palavras. Uma aula de comunicação verbal, não verbal. Fiquei colada.
Nós os comuns mortais nunca sabemos nem saberemos se as instituições atuais tratam os doentes mentais com dignidade, mas desejamos muito que sim. Já se fizeram coisas horríveis que não podem voltar. Nunca mais. E neste filme também nos vem mais uma discussão muito importante – a do perigo de um ser humano ter poder sobre outro.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Segue o Dr. Alan Stone, quem está tratando três pacientes esquizofrênicos e paranoicos no Ypsilanti State Hospital em Michigan, cada um dos quais acreditava ser Jesus Cristo. O que acontece é cômico e profundamente comovente.
Direção: Jon Avnet
Elenco: Richard Gere, Peter Dinklage, Bradley Whitford
Informações e trailer:
https://www.imdb.com/title/tt5706370/