Vi duas vezes. Veria mais outra. Faltou apenas a telona pra me jogar na emoção e chorar mais. Um lindo filme que fala de perdas e das nossas maneiras de reagirmos a elas. Entramos no luto de uma família e o jogo cênico é realmente muito próximo dos jogos familiares que vivemos na nossa vida. Mas ver no filme, surpreendentemente tornou tudo tão forte, tão intenso. Afinal, vivemos tantas dores ao mesmo tempo em uma única vida...
O olhar do outro sobre a nossa dor, de que ajuda precisamos, quando é o momento de estourar e fazer um barraco e quando é a hora de acolher. Como os adolescentes são sobreviventes corajosos e têm a missão de puxar os adultos na aventura de viver, mesmo quando estão deixando seus pedaços pelo chão da vida. E principalmente: a aventura da vida tem altos e baixos e não nos preparam nada para os baixos, apenas caímos neles. Ninguém mais quer ouvir que na vida a gente mais perde do que ganha, que na maior parte do tempo não adianta fazer curso de coach porque não chegamos ao cargo que lidera nada e temos que contribuir porque afinal somos um coletivo de pessoas que tenta compartilhar com todos os outros seres vivos os espaços do mundo. E que as vezes – muitas vezes – não tem espaço pra nós. Temos que lutar por ele e sobreviver às dores.
No filme a história está tão bem engendrada, os fatos são tão bem concatenados que você acaba sendo arremessado para as suas lembranças, suas perdas, suas dores. Por isso me faltou a telona e o escuro do cinema – lá daria pra me liberar geral e chorar.
Uma montagem linda, dentro de uma história emocionante. Vale cada segundo, tanto quanto vale pensar sobre a vida egocêntrica que estamos escolhendo levar porque não precisa ser assim. Estamos no auge de uma pandemia mortal que já nos roubou 107 mil brasileiros. Não são números. Não são gráficos, nem percentuais. São maridos, mulheres, filhxs, namoradxs. E deixam um rastro de dores, assim como o Brasil está deixando.
Vejam o filme, olhem ao redor, olhem a casa e a família que têm. Estão todos sãos? Está tudo se equilibrando? Como você pode contribuir? O que passa pelas suas mãos? Daí se misture, viva, faça alguma coisa. Mas faça. Porque a gente nunca sabe o que pode acontecer e tudo pode mudar em um segundo.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro, TV
Um roteiro lindo e importante. Direção de atores, planos de filmagem, diálogos, tudo sensacional. E, excelentes atores. Uma surpresa de filme.
Um filme importante em todos os momentos, mas agora, mais importante ainda. Fala da dor e da dificuldade de avançar, depois de grandes perdas. De perdas inesperadas. De muitos de nós ficarmos presos nessa dor dilacerante para não “largar” os ou o que perdemos e do que isso provoca na nossa vida – em vez de vivermos todos os dias, vamos morrendo todos os dias. Das crianças e jovens que vivem em famílias sem afeto, sem segurança e do quanto isso as destrói emocionalmente e compromete o seu futuro. Das pessoas incríveis que surgem nas nossas vidas e nos salvam, nos oferecem uma vida aparentemente simples, diferente, mas totalmente verdadeira e real. Pessoas que sabem e respeitam nosso sofrimento e que a todo o instante nos dão a mão, aguardando pacientemente o momento em que aceitamos ser a nossa melhor parte, aceitamos tentar viver o melhor de nós, aceitamos ser proativos, aceitamos tentar viver a vida que sonhamos.
Vemos também claramente as pessoas que decidem viver numa espécie de jogo e de hipocrisia, preocupadas em ser as primeiras como se a vida fosse uma competição, as que sabem sempre as últimas novidades, as que estabelecem quem é “top” e quem não é. Especialistas em depreciar, em criticar, perdendo o foco da sua vida, talvez para não se enfrentarem. Muito interessante a forma como isso é mostrado no filme.
O filme é muito claro em nos mostrar como a vida, como nós, como tudo é frágil. Para “dar certo”, tudo também depende de nós, de decidirmos interferir, agir, ir em busca do que desejamos. Apenas, sempre que nos levantamos de manhã ou sempre que algo não está bem, escolhermos tentar, escolhermos acreditar que pode dar certo. Uma mensagem dada por uma das personagens é estonteante: “A vida vai ser muitas vezes difícil e dura, mas isso não tem nada a ver com você. É apenas por que a vida é assim.”
É generoso em mostrar a importância crucial dos professores na vida dos alunos.
Surge no filme uma pintura sensacional!!!! Um quadro lindo, lindo!! Uma obra de arte!
Vemos o esporte/desporto numa das suas essências: uma atividade que contribui na construção do caráter, que te confronta com o que és capaz, com o sacrifício, a dor e a necessidade de enfrentar essa dor para conseguir ser melhor. Melhor por dentro.
Nos mostra de uma forma muito bonita a necessidade de tratar as depressões, a importância dos psicólogos, dos psiquiatras, dos tratamentos e, a importância da própria pessoa decidir dentro de si que quer mudar, que quer melhorar. A importância dos amigos e familiares serem apoio e incentivo à esperança e mudança. Muito bonito.
Ana Santos, professora, jornalista
Link com informações do filme
https://www.imdb.com/title/tt5253282/
Diretor: Kurt Voelker
Elenco: J.K. Simmons, Harold Perrineau, Odeya Rush
Sinopse: Após a morte prematura de sua esposa, um pai enlutado se muda com seu filho adolescente pelo país para um emprego de professor em uma escola particular. Suas vidas começam a se transformar devido a duas mulheres únicas, que as ajudam a abraçar a vida e amar novamente.