
Nem vamos chegar perto do que temos, no Brasil, mas não por termos mais ou menos dinheiro. Na verdade, não temos ambiente para sermos felizes, mesmo com muito dinheiro. Por quê os países nórticos/nórdicos entenderam a felicidade como um lugar onde a percepção de igualdade social está presente e nós não? Há – precisa haver – uma preocupação básica em não ter que estar tão distante socialmente dos outros e trabalhar para ter pequenos confortos necessários, como casa, comida, médico, escola, férias. O resto do tempo, eles vivem em coletivo, valorizam suas famílias, passeiam juntos, fazem atividades físicas reais (não correm como hamsters de academia e preferem se deslocar de bicicleta por exemplo), passeiam pela mata, se dão pequenos prazeres como o de colher cogumelos, plantas, etc. Seus objetivos atuais são, além de serem mais felizes, serem também mais atenciosos uns com os outros.
Parece mentira? Pra nós, que mal e mal conseguimos nos equilibrar, pagando SUS e plano de saúde privado, impostos e segurança privada, escola privada. Temos duas vidas: uma, onde pagamos impostos para não usufruirmos de quase nada e outra, onde pagamos de novo para ter uma cama de hospital na hora em que precisamos dela. Não confiamos no governo, não confiamos na honestidade dos políticos e suas ações – muitas vezes desprezíveis – não confiamos na integridade do mundo porque o mundo, pra nós, é aqui.
Onde começaria então a nossa felicidade? Em votarmos para um coletivo chamado Brasil. Não o Brasil dos ricos, mas o Brasil – que tem o povo mais miscigenado do mundo, que tem todas as cores no seu sangue e que pode vir a ter respeito por cada uma dessas raças e cores, criando espaços de igualdade. Salvador, nesse sentido, parece que nasceu para facilitar o processo. Mas com tanta gente evitando ver os invisíveis, falar, fazer um sanduiche, trocar ideias, favores – como iniciar?
Nossa felicidade completa começa quando não existir pra nós nenhuma pessoa invisível. Você sabe o nome do gari, carteiro, porteiro, técnico de internet, padeiro, caixa de banco? Temos relações igualitárias com todas as pessoas? Nem vou perder tempo com discurso. A Dinamarca, Islândia, Finlândia imitaram o Butão e criaram um marcador de felicidade. Algo como o produto interno bruto humano, que não se mede em moedas, mas em ações – não as da bolsa, mas as nossas. Dentro desses países soa o alarme quando a própria felicidade gera cobrança interna por alguém ver a felicidade de um País, mas se pressionando a ser feliz, como uma obrigação à mais – o que gera estresse e infelicidade. Ações de convivência podem ajudar. Ações que estão na rua, ao dizer bom dia, na escola, na padaria. Ações humanas.
E você? Estar aí no isolamento social não significa estar isolado socialmente. Podemos nos entreter conosco, melhorando como pessoas e dividindo um pouco do que somos, mesmo de longe. Claro que quando vemos a tamanha corrupção que rege o Brasil a gente dá uma baqueada, mas a cada voto, uma certeza – se a gente pressionar, os políticos menos piores ficam com medo, fogem e a gente finalmente passa a poder escolher e votar nos melhores daqui.
Ana Ribeiro, diretora de TV, cinema , teatro
O Bug Latino aconselha vivamente este documentário, e outros documentários ou textos ou estudos atuais e sérios sobre o assunto. Sério, significa que se perceba que seja íntegro, que não pretenda comercializar nenhum tipo de ideia ou conceito ou alimento. Que não seja “fake”. Por isso, investigue sempre a fonte.
A felicidade é um conceito que interessa a todos os seres humanos mas tenham cuidado, porque virou um conceito comercial. Perigoso. A felicidade depende muito da sociedade e do que o mundo vive nesse momento – veja o Covid19, por exemplo, que afetou e afeta profundamente a felicidade e bem estar de todos os seres humanos.
A felicidade também depende da pessoa e da forma como ela se vê e vê a vida. Como assimila tudo. O que deseja. O que sente necessidade. As decisões que toma.
Aparentemente, se vivemos num lugar, país, que nos permite e proporciona uma vida feliz e, não nos sentimos felizes, isso pode catapultar os nossos pensamentos para uma depressão ou um desejo de não estar “ali”. Porque tudo está bem, tudo nos é proporcionado e mesmo assim não nos sentimos completos. Infelizmente faz sentido e nos coloca ainda mais conscientes que ser passivo aguardando a felicidade não ajuda em nada.
Também já percebemos que o dinheiro até um determinado nível é fundamental. Mas desejar e ter muito dinheiro não traz felicidade. Existem muitas informações que já todos temos acesso sobre perceber que depende de nós a vida que temos ou que desejamos. Muitas vezes ficamos presos/as no consumismo, nas modas e em fazer parte: fazer férias onde todos fazem, viajar para onde todos vão, comprar casa onde todos compram, fazer yoga ou meditação porque todos fazem, etc, etc, etc. Cada ser humano é único. Talvez a felicidade para cada um seja única também. Desde que não implique provocar dano em ninguém, isso é claro. Deve ser claro. Ter a coragem de decidir, de escolher o que lhe faz bem, sem ficar com medo de ser considerado esquisito ou anormal. Ser capaz de cuidar de si, da sua casa, da sua vida, trabalhar no que gosta, ajuda bastante. Pense em si, pense nos outros, deseje coisas boas para si e aceite que os outros também as merecem. Isso é muito importante.
Veja este documentário. Acho que ele pode ajudar a esclarecer algumas dúvidas e a estimular pequenas mudanças na sua vida que podem fazer muita diferença.
Ana Santos, professora, jornalista
Documentário “Why Finland And Denmark Are Happier Than The U.S.”