O filme, que chega a ter momentos totalmente nonsense, retrata dolorosamente as entranhas da família, os jogos emocionais, as indiferenças, fraquezas, desprezos e mágoas que constituem as relações entre parentes.
Uma vez ouvi que a família ideal deveria ser como os nossos dentes – quanto mais separados, mais fáceis de cuidar; no momento achei exagerado, mas vendo filmes e famílias reais, vê-se que muitas dores com as quais lidamos nossa vida inteira, a história de entendermos e perdoarmos nossa criança interior de tudo o que sofreu, tem fundamento.
Um elenco de imortais de Hollywood, começando por Dustin Hoffman – perfeito em suas pequenas e ininterruptas crueldades – além de Adam Sandler, Emma Thompson, Sigourney Weaver, Candice Bergen e mil outros mundialmente famosos – muitos como figurantes – dão a pólvora que em momentos oportunos explodem – exatamente como nas famílias. Fatos criteriosamente omitidos, discussões que não ocorreram, brigas que deveriam ter ocorrido – tudo está ali.
Para um filme que começa com diálogos despretensiosos – como num encontro familiar - OS MEYEROWITZ: FAMÍLIA NÃO SE ESCOLHE determinam que talvez a maior tarefa dos filhos seja interromper a “casta” onde o primo fulano, “não pode dar pra nada” porque o filho do irmão fulano tem que trilhar os caminhos do papai. Um filme crucialmente imperdível, num momento onde os pais entregam seus filhos em confiança para a internet porque têm muito a fazer por si mesmos.
Por outro lado, OS MEYEROWITZ: FAMÍLIA NÃO SE ESCOLHE aponta para a fantasia de que alguém consegue realmente dominar a vida e todas as suas reações possíveis, numa montagem de diálogos incompatíveis, embora ácidos. Um filme emocionalmente forte, imperdível e que pode criar momentos de mergulhos íntimos necessários em busca de respostas para nossas pequenas atrocidades, afinal.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Incómodo mas instigador. Nos coloca perante muitas circunstâncias das nossas vidas, tanto na família como no trabalho e sucesso na vida. Uma família que não comunica nada apesar de falarem muito uns com os outros. Incrível né? Como somos estranhos nós humanos tão inteligentes. Arrepiante assistir e eventualmente mais arrepiante ainda reconhecermos problemas de famílias da vida real. Cada pessoa lida com seus demônios e por vezes os demônios todos não convivem na mesma conversa, nem vida. O caos, o foco no seu próprio mundo e o diversificado e nem sempre conciliador ponto de vista de cada um. O mundo, as pessoas, e a dificuldade em nos entendermos é muitas vezes incrivelmente bizarro por ser tão comum.
A abordagem do sucesso de um pai e as consequências na vida, produtividade e autoconfiança dos filhos. As idiossincrasias de cada um e a forma como os outros olham, entendem e lidam.
Um filme aparentemente simples mas extremamente complexo, fascinante para quem ama psicologia, sociologia, constelações familiares, relações, comunicação. Com direito a conversa boa no final.
Repleto de atores conceituados e famosos. Uma mistura entre atores com nome de personagem e outros atores com nome verdadeiro, num mundo da arte cheio de recados, de mensagens subliminares e metáforas. Eu se fosse você não perdia.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Uma estranha família se reúne em Nova Iorque para um evento que celebra o trabalho artístico de seu pai.
Diretor: Noah Baumbach
Elenco: Adam Sandler, Grace Van Patten, Dustin Hoffman
Trailer e informações: