Filmaço. Eletrizante. Baseado em fatos reais que culminaram no processo movido conta a DuPont, mas que poderia muito bem ser como o processo movido contra a mineradora anglo-australiana BHP aqui mesmo no Brasil, em Mariana, já que falamos do exercício do poder em última instância, daquele tipo sem escrúpulos. Apenas o poder do dinheiro para ganhar tempo, esconder e manipular provas, invisibilizar os queixosos.
Foi uma coincidência que a mineradora concordasse com um acordo, exatamente quando a justiça inglesa aceitou o caso, em Mariana? Foi coincidência que a DuPont tenha ganhado tempo até faltar um mês para o processo caducar? Foi coincidência que a Dupont tenha evitado dizer que o “inofensivo Teflon” das nossas panelas emite partículas que nunca – NUNCA – são absorvidas por corpos vivos? Vacas, cachorros, peixes, nós? É coincidência levar o advogado queixoso ao extremo do estresse, em busca de um pagamento pequeno, miserável, para pessoas com câncer - comprovadamente desenvolvido - pela substancia estrutural do Teflon?
O PREÇO DA VERDADE, com um elenco fenomenal, fala disso. E isso pode ser o desastre de Mariana como os incêndios do Pantanal; pode ser a falta de luz em São Paulo, cuja culpada – palavras do prefeito – é a árvore.
Vejam o filme e principalmente se perguntem qual é o nosso papel nesse jogo. Porque revoltados todos ficamos. Mas não ver onde está o vilão e aceitar que o inventem é tão nocivo quanto o abuso e a falta de escrúpulos que muitas das grandes empresas se utilizam para lucrar.
“Justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta”. Ruy Barbosa
Pensando nisso, o filme pode deixar uma pergunta no ar: o dinheiro manipula o cumprimento da lei, no Brasil? No mundo?
Assistam ao filme, pensem, ajam. Cidadania para poucos soa como privilegio, não como exercício.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro, TV
Uma história verídica. Difícil, dura, verídica. O filme circula pelos poderes das empresas que fabricam o que querem, desenvolvem produtos, alimentos, objetos que poluem o mundo – com a forma como são produzidos e com os materiais que têm. O “pequeno”, como o cidadão comum, sofre, empobrece, adoece, morre, mas os poderosos nem querem saber das suas queixas, dos seus avisos, alertas, medos, sofrimentos. Sabem que estão estragando o planeta mas nem se mexem para mudar algo – e ainda humilham quem tem razão e pede ajuda.
A decisão de escolher o caminho, nos aparece a todos, em algum momento da vida. E essa decisão nos torna bons ou maus – a solução ou o problema. Cada vez mais as pessoas escolhem ser problema, em vez de escolherem participar na busca de um mundo bom para todos. Um advogado que finalmente consegue um cargo “acima” do seu status, acima do que seria esperado para alguém do lugar e família onde nasceu, se vê confrontado com a escolha: sigo frio e distante de problemas que incomodam as empresas “amigas” do gabinete de advogados que pertenço? Ou me mantenho um homem nobre e bom, lutando pela justiça das pessoas que são tragadas, que perdem tudo, pela máquina do sistema?
Um filme difícil, mas muito importante. Nos alerta para o que nos está a acontecer, para a forma como nos poluímos todos os dias, com os materiais e alimentos que possuímos nas nossas casas, nos locais de trabalho, no ar, na água.
Preocupante. Assustador. Precisamos ser melhores, precisamos enfrentar as normas que nos envenenam e nos tentam tornar submissos e silenciosos. Precisamos ter a coragem deste advogado, mas também ter cuidado ao fazê-lo, porque os poderosos nos engolem em segundos e nos isolam, quando lhes interessa. E nem piscam, nem sofrem.
Veja e mostre aos seus filhos. Conversem abertamente e sinceramente sobre todos estes problemas e tentem descobrir formas de manter a saúde de todos, no meio deste caos silencioso.
Recheado de atores conceituados, talentosos – que com toda a certeza aceitaram fazer parte, também por causa da importância de alertar o povo.
Imperdível, imperdível.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Um advogado corporativo entra com uma ação ambiental contra uma empresa química que expõe uma longa história de poluição.
Direção: Todd Haynes
Elenco: Mark Ruffalo, Anne Hathaway, Tim Robbins.
Trailer e informações: