Mais um vídeo onde vale à pena passar por cima de pequenas dificuldades, como as diferenças entre o português e o espanhol. E vou insistir no “pequenas” porque o tema do programa me empurrou a dizer assim.
Na Índia de Mahatma Gandhi, se comprova que “a diferença entre o que fazemos e o que somos capazes de fazer, resolveria a maioria dos problemas do mundo. Palavras dele – de Gandhi – e que se encaixam na ação de um professor – Bunker Roy – que tendo alcançado titulação e fama em seu País, de repente se deparou com a importância do coletivo. Antes de esquecer sua origem e seu País para lucrar com empresas de alta tecnologia, decidiu construir e receber em sua escola, a Barefoot College, mulheres de muitos países pobres – paupérrimos. Mas não acadêmicas. Seu desafio inclui mulheres sem instrução, muitas analfabetas, ganhando ao redor de 1 dólar/dia e que só falavam sua língua materna para, em 6 meses, transformá-las em engenheiras solares. Mulheres menosprezadas socialmente e cujos maridos insistem em tratar como incapazes.
Em mais um documentário clássico, baseado em reportagem e depoimentos, de uma maneira sutil nos são colocados os pensamentos de Gandhi em pequenas frases como esta que citei e que nos confrontam com a distância social que o mundo feminino ainda convive, quando o assunto é machismo, progresso e evolução social a partir de cada célula familiar.
O resultado se resume a duas palavras antagônicas: constrangimento e inspiração. Aqui no Brasil, entre bilhões para um tal orçamento secreto, nada é separado para investir na junção, na mesma frase, de mulheres, pobreza e energia solar para comunidades carentes. Mas deveria. O trabalho desenvolvido na Índia é primoroso em unir interesses femininos. E interesse feminino é uma coisa muito mais ampla que o masculino.
Vale cada minuto assisti-las soldando placas, moldando painéis e construindo novos sonhos e perspectivas para suas vidas. Se cada universidade brasileira pudesse ceder o que sabe para construir um pouco mais de conforto em comunidades carentes, o que seria hoje o Brasil? Talvez um Canadá, uma Austrália. Talvez muito mais. Talvez nós mesmos com autoestima renovada, sem esses sonsos nos postos políticos-chave e sim mulheres. Não mulheres que queiram impor sua fé e dogmas, mas a nossa fé nos seres humanos como criaturas capazes de fazer tudo por amor aos seus filhos, seus netos, suas famílias.
O programa é lindo nesse sentido porque ficamos sabendo que no interior da Índia, há um lugar onde pessoas amam o que fazem e fazem-no umas às outras – um lugar comparável ao Bug Latino, que ainda é pequeno diante de tudo o que quer somar com as pessoas, mas que está presente, já é presente.
Diante das loucuras que escutamos todos os dias, diante do sumidouro do nosso dinheiro nessa aventura ditatorial absurda, é embaraçoso e ao mesmo tempo refrescante ver, que enquanto uns roubam vacina, outros devolvem vida em forma de placas solares, manutenção de painéis, livros didáticos e amor. Enquanto uns se locupletam na construção de gasodutos em lugares onde não há gás, outros recuperam sociedades usando o que tem de sobra, no Brasil – sol – se algum dia, algum governante de bom senso olhar para o céu e reconhecer naquela bola amarela conforto, luz e calor.
Vale a nossa vergonha alheia e a nossa vergonha na cara para mudar tudo o que está posto aí.
Imperdível.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Primeiro, gostava de dizer às pessoas que consideram que não sabem outras línguas que não pensem dessa forma. Existem os que dizem abertamente que falam mil línguas e isso é bizarro porque é importante saber algo com algum objetivo bom. Saber línguas só para dizer que sou uma pessoa incrível não tem lastro. Então, se sentir que tem dificuldade em entender outra língua, por exemplo, o espanhol, para ouvir este documentário e outros que temos colocado aqui, tem duas decisões: ou busca tradução imediata no youtube – nem sempre tem; ou tenta, tenta e tenta. Estes documentários espanhóis que temos divulgado, são importantes. E, se você for mulher, mais importantes ainda. Não deixe de ver por causa da língua, por favor. Veja o milagre que estão fazendo com algumas mulheres que vivem em extrema pobreza. Veja como em seis meses você pode transformar uma mulher, uma pessoa, em alguém útil a si, à sua família, sua comunidade, seu país. Vamos parar de dizer o que não podemos fazer e passar a dizer o que é possível.
Emocionante. Emocionante. Estimulante. Estimulante. Assista por favor. O link do documentário completo está abaixo.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse:
Um documentário espanhol sobre os direitos das mulheres no mundo.
Link do programa completo:
https://www.rtve.es/play/videos/en-portada/portada-mujeres-luz/6212705/