É cansativo você passar 20 anos num lugar apontando para os mesmos erros cometidos pelas TVs locais. Se fala de naturalidade, nível cultural alto, capacidade de improvisação somada à leitura perfeita, técnica apurada e parece que se está falando com as paredes. Se criam vídeos onde a técnica está ali, aplicada – e parece que os olhos se viram para o outro lado. Acaba recebendo convites para empresas internacionais que querem organicidade e naturalidade em super elencos, mas ali, onde você vive – nada.
Mais uma vez então, não nas TVs locais, mas na RTVe, espanhola, lá está a técnica aplicada com perfeição mais uma vez. Nada de gente muito jovem, nada de mulher bonita, nada de jornalista gatinho. Apenas experiência na condução de diálogo, técnicas de construção verbal do pensamento apuradas e escolha criteriosa de pautas inteligentes. Nada de ver o público “por baixo” com crimes e sangue, mas apresentando ao ”estimado espectador” alta tecnologia, ciência, gênios, recursos disponíveis online - nada que seja impossível de se conquistar lá, aqui ou na Patagônia. Assim, El cazador de cerebros dá show de comunicação, mostrando trabalhos científicos de ponta, edição que prioriza a comunicação oral, o ser humano falante, inteligente, capaz de ser e criar inspiração por onde passa – principalmente nesse episódio, dedicado aos adolescentes.
Num Brasil apático e absolutamente carente de ideias e de criatividade em vídeo, El cazador de cérebros mostra e repisa que pode ser tão simples quanto impossível acreditar-se em conduzir entrevistas sem ler, apenas tendo estudado a pauta em profundidade.
Montagem muito bem feita, cientistas que querem demonstrar de modo simples como é possível lançar-se em pesquisas de ponta com 14 anos, rostos quase infantis usando alta tecnologia - que o Brasil não precisa ter porque o mundo disponibiliza. De graça. Online.
O resultado, eu realmente espero que tenha a utilidade que teve pra minha mente. Nós podemos nos reinventar, reinventar o mundo, criar soluções criativas, responder a desafios. Nós podemos nos unir, ser um coletivo em prol do desenvolvimento humano. Quem quer trocar sangue e porrada na madrugada por evolução, por comunicação, por bom humor, por otimismo? – Fácil... troquei na hora!
Imperdível.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Um documentário espanhol sensacional que nos mostra caminhos positivos e estimulantes para o futuro, pela mão dos jovens. Isso, jovens, muito jovens, com ideias, com coragem, com vontade de seguir e descobrir, sem amarras, sem medos. Num mundo tão desanimador e confuso, uma luz que nos dá esperança. Dentro de si com interrogações de todos os níveis, brutais, desafiadoras, decidiram agir e colocaram as mãos ao trabalho. Não tinham tempo? Nos tempos livres pesquisavam, aprendiam pela internet. Tiveram ajudas? Nem pensaram nisso, foram em busca sem hesitar. Suas famílias, meio social e professores não impediram, deixaram o fluxo seguir mantendo as exigências da vida pessoal e escolar. E estes pequenos gênios exploraram, inventaram, descodificaram. Com meios escassos, nos tempos livres e utilizando o que existe no mundo que é inovador e útil para buscar suas respostas. Incrível e brutalmente animador. Veja! Não perca! Temos abaixo o link com o programa completo. Mostrem aos jovens e crianças que conhecem. Aos adultos. A todos os que parecem ter receio de enfrentar a escuridão em busca de melhorar o mundo. Ou aqueles que parecem ter sempre impedimentos para realizar os seus sonhos e descobertas, que um dia dizem que vão salvar o mundo, mas nada fazem. Não pare, não fique pensando que um dia vai fazer. Faça, descubra, vá em busca do que se acha capaz e do que acha que o mundo precisa. Porque o mundo está precisando de muito. Delicie-se com estes jovens. Depois de assistir ao programa ganhe forças e siga, siga, siga...mas não vá em busca de aumentar seu ego, por favor.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse:
Meninos e meninas capazes de construir robôs controlados pela mente, projetar dispositivos que diagnosticam doenças e programar computadores quânticos que otimizam enormes quantidades de dados e cálculos... Mas o que desperta essas aspirações em idades tão jovens? E mais importante: sabemos como incentivá-los?
Neste episódio, Pere Estupinyà entrevista Carla Caro, Joel Romero, Valeria Corrales e Blanca Huergo, alguns dos cérebros do futuro, para descobrir o potencial científico que temos em nosso país; jovens inquietos que, com um computador e poucos recursos, dão grandes contribuições em física quântica, robótica, biomedicina, matemática e até sociologia!
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