
Essa produção é feita pra quem gosta de filmes italianos – o timing é mais calmo, Sophia Loren é uma atriz de grande talento, mas pouca mobilidade pelos anos de vida e a história vai ganhando nosso coração aos poucos, sem pressa nenhuma.
De novo, a generosidade entre um grande ator e um menino está estampada a cada cena.
Ibrahima Gueye é lindo e funciona com extrema personalidade nas cenas. Tem uma expressividade ímpar, mesmo quando não fala, o corpo está sempre em cena – coisa que não vemos sempre quando se trata de contracena entre adulto e criança. Sophia Loren não sobrou na cena. Tiveram momentos maravilhosos exatamente por isso.
Claro que nem se compara aos filmes americanos – uma cena de drone é a marca da alta tecnologia. Mas não senti falta. Há muito para ser descoberto e devassado nos sentimentos de todos naquele lugar. Há, em alguns momentos alguma coisa na direção que se perde – atores e figurantes ocupam um fosso de distância no quesito interpretação, mas mesmo assim, vale demais à pena ver o talento maduro de uma atriz que dedicou sua vida a arte. Nada de super make ups, nada que disfarce as rugas (fora o que Sophia fez), nada de figurinos glamorosos. Mas amor, há. E há o amor polindo personalidades, criando novos hábitos e exercendo seu poder.
Amei os cenários, as locações, os diálogos. Dentro das diferenças de produção, o refúgio que o talento do elenco nos dá é incrível.
Vale demais à pena ver e, de preferência, no tempo do filme – sem pressa, sem rush.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
O filme tem alguns detalhes interessantes. Com Sophia Loren no elenco é obrigatório assistir. Uma diva viva é de aproveitar todos os segundos. E vale a pena totalmente. Como é especial, como cativa, como é intensa. Divide o espaço com meninos novos com enorme generosidade. Algo raro. E que menino é aquele que faz de Momo? Que talento, que luz. A canção final, original, linda, com letra ainda mais bonita, de e cantada por Laura Pausini. Vale a pena ouvir com atenção (o link está no final do texto). Uma canção lançada por Elza Soares, em 1976, “Malandro”. Isso mesmo. Uma linda e doce surpresa. Os lugares escolhidos para as filmagens fazem lembrar as ruas e edifícios do centro de Lisboa, o Alentejo de Portugal com seus campos cheios de Oliveiras, as Ramblas de Barcelona, em Espanha. São locais de Itália lindos, lindos.
Sente-se alguma falta de ritmo. Um pouco mais de direção aos figurantes e em alguns personagens de presença esporádica e tudo estaria mais fluído. Mas o roteiro é extremamente real e importante de debater nos dias de hoje. Esta história está a acontecer um pouco por todo o mundo. Os mais velhos, que sofreram muito e que são pura sabedoria, frágeis fisicamente e financeiramente, tentam cuidar, educar e amar os mais novos, abandonados das mais variadas formas. Um filme muito intenso, muito sensível.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse:
No litoral da Itália, uma sobrevivente do Holocausto com uma creche acolhe uma criança de rua de 12 anos que recentemente a roubou.
Diretor:
Edoardo Ponti
Elenco:
Sophia Loren, Ibrahima Gueye, Renato Carpentieri
Link IMDB
https://www.imdb.com/title/tt10627584/
Canção “Io sí” (Seen)
De Laura Pausini, Niccolò Agliardi e Diane Warren. Voz de Laura Pausini.
Canção “Malandro”
De Jorge Aragão e Jotabê. Voz de Elza Soares.