
O que o filme aponta está cada vez mais visível: a sociedade urbanizada julga religiões como seitas ou filosofias como vícios, ao invés de procurar outros pontos de vista para poder formar uma visão mais panorâmica do que vê, afinal.
Nesse documentário, feito do ponto de vista indígena, vemos um saber com raízes tradicionais da floresta, distribuído para quem está-quer mergulhar na própria essência.
O que primeiro me chamou a atenção é que o cântico Huni Kuin de alguma forma se aproxima dos cânticos zen budistas de meditação. Milhares de quilômetros de “proximidades”, eu poderia dizer. O que me leva mais uma vez ao que aprendemos no budismo: a busca da simplicidade. Por que não valorizamos o que os povos da floresta apontam, mas mostramos o conhecimento milenar budista como algo a que devemos buscar encontrar em nós? Me parece claro que a civilização não parece ter achado nada que a tornasse mais simples e por isso as ansiedades e estresses e depressões – que o ayauasca vem demonstrando ser capaz de ajudar, segundo o neurologista Dráulio Araújo. Não vemos isso. Vivemos essa deplorável condição brasileira de desvalorizar quem somos, através de nossa raiz mais profunda, apenas por vermos pessoas que já perceberam que nada responde à ostentação, afinal. Torcemos o nariz e pronto.
- Viva o agro poluidor e com ele o marco temporal que tira da nossa raiz indígena, a terra – Gaya.
Não que o documentário tenha efeitos especiais ou uma estética especial, mas pelo motivo de que precisamos finalmente começar a nos ver diante dos nossos espelhos – não os americanos, que imitamos como papagaios desguarnecidos de inteligência – mas os nossos espelhos: mestiços e ancestrais. Longínquos. Importantes, eu indico o DOC fortemente.
Não que todos tenham que sair correndo em busca do ayahuasca, mas que busquemos fortemente olhar a nossa tradição e o nosso saber como importantes, profundos e dignos do que somos, para que possamos realmente tomar medidas que protejam o nosso futuro - nesse futuro que sinceramente temo, ao projetar o que pode estar por vir.
Assistam em coletivo. Há algo que individualmente não conseguimos alcançar.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
O Brasil tem uma riqueza de plantas impressionante e os povos tradicionais da floresta são exímios conhecedores delas. A sua farmácia natural.
Neste documentário o povo tradicional da floresta, Huni Kuin, mostra as suas práticas de Ayahuasca, suas práticas de turismo, suas preocupações com o aumento da destruição de mata atlântica para pasto. Ouvimos o neurologista Dráulio Araújo falar sobre a possibilidade da Ayahuasca se tornar um medicamento para combater ou atenuar os sintomas de algumas doenças, e ele nos fala sobre algumas conclusões científicas. Assistimos ao procedimento da tomada da Ayahuasca na Igreja do Santo Daim, no Rio de Janeiro.
É bom assistir a estes documentários, saber o que existe, perceber suas possibilidades de ajudar algumas pessoas, controlar os sintomas e comportamentos provocados por algumas doenças. Eu nunca tomei e não tenho vontade de tomar, mas isso não quer dizer que a Ayahuasca não seja um chá bom para as pessoas, para a saúde, podendo até diminuir as despesas governamentais dos países, em relação a algumas doenças.
Veja sem ideias pré-concebidas, sem pré-julgamentos, sem preconceitos. Veja, fique a saber mais um pouco sobre um dos maiores mistérios do Brasil.
Ana Santos, jornalista, professora
Sinopse: A bebida amarronzada é produzida só uma vez ao ano e o ritual da ayahuasca é realizado uma vez por mês. O povo indígena Huni Kuin se beneficia com o boom da ayahuasca no país, que há muito tempo alcançou diversas cidades brasileiras. Na Igreja do Santo Daime, no Rio de Janeiro, a substância é o principal elemento das cerimônias religiosas.
Ao mesmo tempo, pesquisadores também estão descobrindo os efeitos medicinais da ayahuasca. Desde 2006, o neurologista Dráulio Araújo pesquisa a atividade cerebral após o consumo da substância.
Direção: Matthias Ebert
Elenco: Povo Tradicional da Floresta Huni Kuin, Dráulio Araújo (Neurologista, UFRN), frequentadores da Igreja de Santo Daim (Rio de Janeiro).
Link do documentário:
https://www.youtube.com/watch?v=rrFQrvyAF_w