O filme conta com algumas “licenças” a história do atentado em Mumbai, em 2008. A primeira dor: se fosse no Brasil – e pode ser no Brasil algum dia (não é por sermos paupérrimos, sem gente importante, com uma economia totalmente desorientada e sem nenhuma liderança que estamos livres dos loucos) – estaríamos fritos igualmente. Não temos gerência real para nenhuma emergência real. Mas, pelo menos, dos palavrórios inúteis dos políticos o filme nos poupou.
Fora isso, preparem-se para se agarrar nos braços das cadeiras, sofrer, ver o nome de Deus habitar bocas que o chamam enquanto matam e afinal, considerar que ocidente e oriente têm aqueles mesmos líderes que se escondem atrás do povo enquanto o manda matar, destruir, queimar. Lá, em nome de Allah granadas voam, tiros são dados e gente cai morta. Aqui, em nome de Deus temos agora até uma facção do tráfico de drogas que se diz do “Senhor”.
No filme, como na vida real, você fica aterrorizado com o fato de que as pessoas não percebem o patético das situações e acreditam em qualquer coisa que uma suposta autoridade lhes manda acreditar. No filme, o terrorista liga para os pais e pergunta se o chefão mandou o dinheiro – sempre o $$$ - aqui, será que existem pais que acreditam de verdade que um bandido maluco ataca um templo de candomblé por amor a Deus? Qual seria mesmo o Deus que concorda com absurdos?
Mas, apontando o dedo para a realidade, de novo, os filmes machucam a nossa falta de bom senso religioso, social, moral, ético. Machucam. E devem ser vistos porque machucam. Para que alguém – para além das palavras inúteis e imbecilidades corriqueiras – abra as portas da vida na Terra para todos, já que insistimos em delegar todas as funções a Deus. Ele que faça, perdoe, julgue, justice, vingue. Ele que faça. Estamos muito ocupados enchendo o mundo de abandonados, mortos e miseráveis enquanto fazemos o sinal da cruz.
Ana Ribeiro, diretora de TV, cinema e teatro
Estamos em 2019 e as situações de terrorismo que já aconteceram até hoje são imensas. Demais. Cada uma do seu jeito mas igualmente terríveis. Tudo pode acontecer a qualquer instante. E é sempre surpreendente as formas escolhidas dos seres humanos se maltratarem e se matarem. O filme retrata a parte do atentado de 27 de dezembro de 2008 que sucedeu na estação de trem e no Hotel Taj Mahal. O atentado foi bem mais abrangente, mas já é muito perturbador ver o que aconteceu nestes dois lugares.
Talvez os povos precisem de voltar a aprender o que é o amor e a amizade e a sua importância, o que viemos todos fazer aqui e o que realmente tem valor. Igualmente importante refletir sobre o que alguns buscam na vingança, no egoísmo, na inveja. Destruir o que os outros têm ou vivem, não nos faz mais felizes, nem nos dá paz na alma. Não melhora a nossa vida. E, julgo que cada ser humano deve conhecer o mínimo de cada religião e cultura que existe no mundo para que possam perceber o outro. Não é só viajar para ver como os outros vivem, mas aprender com outras formas de vida.
Este filme também nos mostra um dos hotéis mais famosos e luxuosos do mundo – Hotel Taj Mahal. Impressionante e também impressionante a forma como a sua recuperação foi, para além de estrutural, emocional.
A vida é um sopro...um instante. Incontrolável, imprevisível. Bela e dolorosa. Muitas vezes injusta. Ela dá, ela tira. Estar no lugar errado na hora errada é uma forma de olharmos para situações como a deste horrível atentado em Mumbai, em 2008. No entanto, alguns sobreviventes comentaram que perderam o medo de viver. Não vivem mais com medo por que perceberam que não se morre pelo que se escolhe fazer. Por isso, vivem sem medo. Sabem que a morte virá, quando ela decidir.
Um filme quase documentário, com excelentes atores. Dev Patel é um excelente ator, lindo, charmoso. Desejo que faça filmes em que é um personagem diferente por que nos filmes mais famosos dele, faz sempre de bonzinho e isso o torna repetitivo. Ele é muito mais do que um ator bonzinho. Armie Hammer por exemplo diversifica muito mais os personagens que trabalha e isso o torna mais versátil e rico.
Ana Santos, professora, jornalista
Informações sobre o filme
https://www.imdb.com/title/tt5461944/
Circuito Saladearte