![](https://static.wixstatic.com/media/2f5289_2c134d6aca3941b5a05842aee0d5f041~mv2.jpg/v1/fill/w_185,h_273,al_c,q_80,enc_auto/2f5289_2c134d6aca3941b5a05842aee0d5f041~mv2.jpg)
Um DOC emocionante por abrir sobre nós o conceito de que não existe solução de problemas, sem união – o que, num mundo extremamente fechado em seu próprio egoísmo, é uma lição incrível. A capacidade de abrir mão do orgulho e inimizade entre militares e indígenas da Colômbia, em nome do sucesso na busca de quatro crianças sobreviventes de um desastre de avião, onde todos os adultos morreram, vai se desenrolando na nossa frente, passo a passo, dia a dia. E foram 40 dias...
Engraçado que ninguém precisa marcar a dimensão do perigo – o diretor começa o filme mostrando insetos, répteis, folhas, a umidade da selva amazônica, descrevendo a idade dos passageiros do avião e o que faziam ali, naquele voo. É o que basta pra nos dar tempo de imaginar. E apavorar. Uma criança de 13, de 9, de 5 e uma com menos de 1 ano de idade... quem escaparia? Quem carregaria quem? O que comeriam?
Falo muito da conquista desse tempo destinado à imaginação porque o conceito da palavra narrativa vem sendo destruído pelos políticos, embora seja exatamente isso o que o roteiro nos mostra: a narrativa, o depoimento organizado de fatos que aconteceram. Os políticos brasileiros são especialistas em distorcer a definição de termos como narrativa ou transparência, para descaracterizar e esvaziar o conceito de mentira ou de honestidade. Nos iludem com palavras.
Pois, voltando: sem mostrar as crianças – já que elas não se filmaram – sem mostrar a busca – só sobraram os pequenos filmetes feitos pelo celular - a precisão do roteiro recriou o processo da busca inteiro, usando depoimentos de quem esteve lá, pequenos momentos recriados e a habilidosa alimentação da nossa imaginação.
No final, talvez as frases mais fortes do filme: o pai das crianças, um abusador, está preso e os meninos foram entregues ao sistema – uma dor, uma flechada no peito; a frase do nativo que achou as crianças, ex guerrilheiro das FARC: “na Colômbia, somos mestiços. 88% da população tem sangue indígena. Não poderíamos deixar de nos unir em nome do nosso povo”. Muito forte essa frase. Principalmente porque o Brasil também tem percentual mestiço talvez ainda mais alto e precisa começar a se orgulhar de sua origem, a nomeá-la como motivo de enriquecimento, independentemente da cor que se sobressai da mistura entre brancos, negros e indígenas. No caso da Colômbia, quatro crianças uniram um povo inteiro e todos os problemas foram sendo postos de lado, em nome do sucesso da busca, de crianças vivas. No nosso caso, o que pode nos unir?
Fiquei com essa dor no peito. Não soube dizer o quê.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Uma história verídica impressionante. Parece impossível que 4 crianças tenham sobrevivido a uma queda de avião e permanecido vivas durante 40 dias na parte mais “selvagem” da Amazônia – os militares e indivíduos dos povos tradicionais da floresta ficaram doentes, precisaram de medicamentos, e estas crianças conseguiram manter-se vivas apenas com o que a natureza lhes dava e o que restou do que traziam consigo no avião. Crianças citadinas não suportariam 2 horas naquele ambiente. Estas crianças foram educadas para saber pescar, caçar, identificar os perigos de uma floresta, mas mesmo assim é impressionante, tão novas, do que foram capazes.
O filme nos mostra as diferentes abordagens, entre os voluntários nativos e os militares, que foram em busca das crianças. Foi interessante perceber que iniciaram as buscas separados e ao longo dos dias, situações problema só eram possíveis de ser resolvidas pelos militares e em outros momentos, situações problema só foram possíveis de resolver pelas capacidades e conhecimentos dos nativos. Interessante ver na real como juntos é possível ir mais longe.
As tecnologias, a IA (inteligência artificial), os conhecimentos militares, estão cada vez mais evoluídos e isso foi muito importante nesta ação. Achei curioso algumas formas de procurarem – podem ser úteis para qualquer um.
Um filme lindo, muito bem feito – bom roteiro, boas imagens, a utilização do drone é soberba, os depoimentos são muito belos, profundos, tocantes. Excelente!
Imperdível, imperdível!!!
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Quatro crianças indígenas ficaram presas na Amazônia colombiana após acidente de avião. Guiadas pelo conhecimento ancestral, elas sobrevivem enquanto aguardam a operação de resgate em meio aos desafios da selva.
Direção: Orlando von Einsiedel, Jorge Duran, Lali Houghton.
Elenco: Dan Garza, Stacy Ines, Eduardo De Los Reyes
Trailer e informações:
https://www.imdb.com/pt/title/tt34058121/