Um filme perfeito. A luz, a fotografia, os atores, o roteiro, as falas, o enredo – tudo conduz e condiz com o protagonista da história – William Shakespeare.
Como, tendo como tema a vida de Shakespeare, a sua obra seria resumida por pequenas citações que estão em segundo plano e isso realmente não comprometer sua veracidade? Incrível, mas é isso mesmo.
Como alguém como Ben Elton, pôde construir momentos primorosos, onde nos sentimos abandonados pelo pai, marido, familiar “Will”, para que o maior escritor de todos os tempos pudesse nascer e se desenvolver? Há momentos de sensibilidade inimaginável, como quando Anne, depois de mais de 30 anos de casamento, finalmente consegue assinar sua certidão de casamento, alfabetizada pela filha – já que o marido nunca esteve presente o suficiente para sequer perceber que ela jamais leu a sua obra, viu, assistiu, participou de algum modo.
Kenneth Branagh manejou mil emoções e sentimentos com maestria. Da lágrima que apenas cai de seu olho, imperceptível, até gritos em discussões familiares de profundo conteúdo. Da mesma forma, Judi Dench foi um fenômeno. Aliás, todo o elenco é fenomenal. Sua última cena, lendo como semianalfabeta, tem uma sensibilidade única. Judith, herdeira talvez do grande talento do pai – o que nunca se pôde saber, já que também só foi alfabetizada em adulta, por ser mulher. Hamnet, seu filho morto numa trama espetacular, numa história tristemente espetacular – que me lembrou de algum modo a história Einstein (com sua mulher genial que nunca lhe fez sombra, apenas por ser mulher).
Estamos no século XXI, entrada da era de Aquário. Passar os olhos sobre os séculos XVI e XVII aponta o nosso caminho... Longo e com perdas demais.
Colocar como ponto forte a ausência de palavras nas relações mais importantes do maior escritor de todos os tempos é ter a ironia da vida diante de nós. Filme imperdível. E como seu nome diz: All is true...
Ana Ribeiro
Um surpreendente filme sobre os últimos anos de William Shakespeare. A todos os níveis imperdível!
Sabemos da sua obra, mas pouco se fala deste período.
Um filme bem feito, com um roteiro intocável, atores famosos com desempenhos maravilhosos. Uma escuridão permanente que caracteriza um clima frio, com folhas de árvores de tonalidades lindíssimas – lembram o belo Outono europeu.
Diálogos soberbos, questões familiares sensíveis resolvidas com bastante perspicácia e bom senso, numa época complexa, fechada, preconceituosa. Tudo parece desmoronar e pode desmoronar, mas os seres humanos podem salvar muitos momentos difíceis e aqui vemos como ele e sua família de alguma forma vão encontrando os melhores “jeitos”.
É uma viagem deliciosa à vida, ao pensamento, à família de William Shakespeare. Vai ficar a saber porque escreveu as obras que escreveu, como ele se sentia ao fazê-lo. E muitas mais coisas que vai gostar de ficar a saber. O filme começa com Shakespeare fazendo uma analogia entre o teatro e a culinária – soberbo. Um filme fabuloso que não deve perder.
Ana Santos
Sinopse: Um olhar sobre os últimos dias da vida do renomado dramaturgo William Shakespeare.
Direção: Kenneth Branagh
Elenco: Kenneth Branagh, Judi Dench, Ian McKellen
Trailer e informações: