
Aterrorizante porque você vê verdades em toda parte – e olhe que eu não pertenço ao clube do consumo. Ao mesmo tempo, me senti como um olho que a indústria quer impedir de ver, o que dá uma sensação horrível: eu, que recolho borra de café, casca de ovos, cascas de legumes para que sirvam de adubos para as plantas, diante de “patinhos” que compram sem parar, que descartam celulares, roupas, tênis, apenas porque lançaram a coleção nova.
Uma produção incrível. “A voz” da indústria da venda, as leis, como nos empurrarem mais produtos, como é fácil nos fazer parar de pensar e simplesmente consumir: tapa a dor da frustração comprando, mesmo que você perceba que a saúde do planeta acabou. Fatos terríveis ligados à indústria que ninguém quer ver.
O mercado... quem é o mercado que faz com que você – você mesmo – queira trocar de celular a cada novo lançamento IPHONE? Quem é o mercado que especula, que joga com o dinheiro, com o consumo?
Mas sobretudo, quem somos nós, humanos sobrepujados, sem vontade própria, incapazes de olhar para o lado, dividir, compartilhar, se negar a comprar.
Já tinha reparado que o mercado está sufocando nossa ação de mandar consertar um produto quebrado? Que ele impede a regulamentação das redes?
Afinal, você já pensou no mercado alguma vez na sua vida? Ah... mas vendo BUY NOW! A CONSPIRAÇÃO CONSUMISTA, você vai pensar, tenho certeza!
Ver o filme pode mudar a sua forma de ver o excedente de coisas que tem, que guarda, que compra.
Não perca. Veja com a família toda.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro, TV
O Bug Latino já tem alertado algumas vezes em relação a estas armadilhas terríveis que todos os comuns mortais vivem enredados. Alguns, muito poucos, demasiado ricos, poderosos. Outros, muitos, demasiados, sem nada ou com muito pouco. E o mundo segue com suas regras bizarras de economia, viciando as pessoas, inundando o mundo de lixo, de problemas, em direção à autodestruição de uma civilização.
Temos uma inteligência que eu não chamaria assim dado que utilizamos esse “talento”para nos enganarmos uns aos outros, considerarmos que alguns são melhores do que outros, que alguns merecem e outros não, rumo ao caos. Ninguém pára, ninguém muda nada. Criamos a máquina que nos daria o sucesso e a riqueza e vemos que ela também nos trará a desgraça, e no entanto aqui ficamos, vociferando e nada mais. Vendo como sofrem os outros e cá ficamos quietinhos curtindo nossos luxos.
Os mesmos que fizeram parte desta engrenagem viciante e mentirosa, agora arrependidos, surgem como os que salvam. Nos leva a uma reflexão cuidada porque é sempre bom alguém se arrepender do mal que fez, mas será mesmo isso ou apenas mais uma manipulação? Uma forma de voltar aos holofotes? É um mundo confuso que nos enganou e engana há muito tempo. O que acontece é que nos faz perder a confiança e já não conseguir acreditar na sua bondade e preocupação com os outros – os que aguentam.
O filme tem uma edição muito interessante – dispendiosa – mas que a determinada altura se torna repetitiva. No entanto, é um filme obrigatório, importante, um alerta para a forma como somos manipulados. Veja, aprenda e a partir daí decida: vai continuar a fazer o mesmo que fazia? Ou decide fazer parte dos que querem a mudança?
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Este documentário subversivo revela os truques que as marcas usam para os clientes continuarem comprando e o impacto que isso tem em nossas vidas.
Direção: Nic Stacey
Elenco: Eric Liedtke, Roger Lee, Maren Costa
Trailer e informações: