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“UMA NUVEM VENENOSA ULTRAPASSOU GOTHAM CITY” e “Hábitos” Bug Sociedade

Foto do escritor: portalbuglatinoportalbuglatino

Edíria Carneiro

“UMA NUVEM VENENOSA ULTRAPASSOU GOTHAM CITY” Bug Sociedade

Sabe quando a gente está vendo o filme do Batman e Gotham City é atacada por uma nuvem venenosa que afeta o comportamento das pessoas? Acho que ela chegou no Brasil – talvez no mundo.

Não é ideológico ver um vereador propor (sequer ter a ideia de propor), que a bondade receba multa em São Paulo. Que pra você dar um prato de comida, ajudar a um pobre, tenha que ter uma licença. Não é ideológico que uma criança de 9, 10 anos, se estuprada – mesmo que ela não saiba ainda o que é estupro, mesmo que ela nunca tenha visto um pênis – não possa ser acolhida pelo sistema de saúde se não quiser ser mãe. Uma criança de 9, 10 anos tem condições de ser mãe de alguém? Como um homem pode cometer a ousadia de dizer que isso é ideológico, criminoso e penalizável? Que ideologia é essa? Maligna, só pode ser.

A nossa natureza não é essa. Pode vir qualquer político dizer que é, mas não somos assim.

Indo nessa direção e vou reafirmar: não tem nada a ver com partido ou ideologia. É apenas aquela lógica mais comum, daquela que a gente aprendia com pai e mãe – e eu não sei mais se os pais e mães ensinam isso em casa. A gente ouve o Ministro da Fazenda dizer que quer taxar grandes fortunas e vê grandes bilionários pelo mundo oferecendo suas fortunas porque sabem que é dinheiro demais pra si. Por que isso no Brasil não é normal de se falar? Os banqueiros têm dinheiro demais. E também os empreiteiros, empresários, industriais, agroindustriais, pecuaristas, comerciantes. Eles não querem sequer pagar impostos? Se pagarem impostos como nós – NÓS! – dizem que não podem contratar pessoas? Por que? Pela minha lógica, é como pegar o menino mais fortão e ele ser sempre “café com leite” só porque é fortão. Mas isso antigamente não se chamava covardia? Coação?

Quem acha natural existir um vagão rosa pra gente em trem e no Metrô, ainda não percebeu que quem tem que ser apartado são os homens tarados. Os homens ainda não perceberam que quem precisa ser apartado é aquele amigo tarado que assedia as mulheres na rua, mexe com as mulheres trans no barzinho, no ônibus? Eles ainda não perceberam que quem não sabe conviver normalmente é que deve ser apartado?

Algum político fez alguma lei contra essa permissividade? A mesma que leva ao estupro das nossas meninas? Tem alguma aula sobre como o gênero feminino se sente? Vereador serve pra fazer lei misturando religião? Deputado, senador? Só eu vi a menina – claro que pobre – que por causa de 1 grama de maconha ficou presa quase 4 anos nesse sistema carcerário monstruoso que nós temos? Os senadores e deputados querem agradar aos religiosos e daí chutam os pobres? Ainda reclamam quando o Supremo tenta colocar um pouco de ordem num tipo de justiça que me faz engulhos. Não faz a você?

Sabe quanto é, 40 gramas? Imaginam? Uma caixa de sapato cheia de maconha? Não. Uma pilha AA e uma AAA, juntas. Cabe no bolso de uma calça apertada. Isso é muito? Engraçado que a mim que não bebo e não fumo, me parece pouco.

Você prenderia uma pessoa por causa disso? Acabaria com o futuro dela? Se ela fosse branca e com dinheiro, nós estaríamos tendo essa conversa? A polícia tem formas de abordagem diferentes para pobres e classe média? Ricos? Cadê aquele motorista de Porsche que matou o do UBER, em São Paulo? Preso ou solto?

Tem uma nuvem nojenta sobre o Brasil – creio eu, o mundo. Ela ultrapassou Gotham City. Se chama exclusão e preconceito. Atinge a todos nós, dependendo do lugar em que estamos. Na América, somos latinos, não brancos. Aqui somos brancos, em detrimento de quem não achamos tão brancos. Mas na verdade, aqui, ninguém é branco. Ninguém aqui é branco. Tenhamos orgulho de quem somos.

Não existe traficante de Jesus. Não existe miliciano de Jesus. Não existe deputado, nem senador de Jesus. Enquanto eles nos fazem perder nosso tempo precioso pensando em soluções para o clima extremo, matando animais queimados no Pantanal e tendo ali em frente uma festa junina, nenhum candidato a prefeito falou de meio ambiente, nenhum vereador criou uma legislação ambiental que nos salve do calor e da chuva extrema.

Tem uma nuvem venenosa em cima de nós e na vida real o único herói – sempre - é o povão. Pensem nisso.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

“Hábitos” Bug Sociedade

És saudável. Tudo é possível, tudo de errado que fazes com o teu corpo causa apenas uns leves “arranhões”. Por vezes, pode até danificar, mas não quebra, nem avaria. Você se habitua com esta possibilidade de exagerar, de ultrapassar sempre um pouco os limites do bom senso, do cuidado, da prevenção. O corpo aguenta, resiste, renova, se prepara de novo para o que vem. Vais seguindo e errando, seguindo e exagerando, seguindo e descuidando. Não tens noção do valor que possuis. Consideras algo certo, algo eterno, habitual. Tão habitual que tornas também habitual o excesso.

Estás doente. Os ingleses têm 3 definições para a doença: estar doente, sentir-se doente, comportar-se como um doente. Estás doente. Percebes que o teu corpo já não responde da mesma forma, já não aguenta os mesmos desafios, já não suporta os mesmos erros e abusos. Precisas rever teus hábitos. Já não dá mais para pedir ao corpo para exagerar, para tentar o impossível, para mergulhar em loucuras. Estás tão habituado a exagerar, que sem que tenhas consciência, continuas a fazê-lo. Não o fazes sempre, como fazias, mas exageras. Como se quisesses encontrar o que eras, o que podias fazer. Como se pudesses voltar atrás. Como se tudo pudesse voltar ao que era – tu sempre puxando pelos limites, tu vivendo pelas tuas regras, sem regras. Alguém tem de te parar. É hora do teu corpo te dizer o que pode ou não ser feito. E tu, respeitosamente, seguires seus sinais. Criar novos hábitos. Mesmo que recuses todos estes cuidados, o corpo vai te guiar em direção a eles. Ele mesmo vai te dizer até onde podes ou não ir. Não interessa mais se desejas, se queres, se achas que dá para fazer. Ele tomará conta dos teus passos. Como um avô que leva pela primeira vez o seu neto para passear, teu corpo te ensinará a ouvir, a alimentar, a cuidar, a sentir. E vai te ensinar a criar novos hábitos para novos dias. Não tens mais escolha. Tiveste escolha uma vida inteira e vais aprender a escolher quando o corpo te barrar as loucuras e te ensinar a dar valor ao que tens.

Os anos passam, o tempo segue. Um ano, uma década, uma vida, gerações e gerações. As principais festividades repetem-se: Natal, Ano Novo, Lavagem do Bonfim, Festa de Yemanjá, Carnaval, Festas Juninas, Dia da Consciência Negra, Tiradentes, Dia das Mães, Corpus Christi, Dia do Trabalhador, Sexta-Feira Santa, Páscoa, Independência da Bahia, Independência do Brasil, Dia de Finados, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Proclamação da República, Dia da Nossa Senhora da Conceição da Praia. Mas tudo continua na mesma. Os mesmos rituais, as mesmas preocupações, as mesmas expectativas, as mesmas críticas, as mesmas esperanças. Tudo igual. Nós vamos envelhecendo, outros tomam nossos lugares, sentindo que farão melhor do que fizemos. E tudo fica na mesma, quando não fica pior. Somos repetidores, somos seres de hábitos, somos críticos, somos bons a falar. A realidade suga, asfixia e atropela os nossos desejos, nossas ideias, nossas promessas. Somos bons a dizer do que somos capazes, mas somos muito frágeis e pouco sólidos em fazer o que prometemos. Fazer o que prometemos, fazer o que devemos, fazer o que pode ser feito, fazer o que é necessário, fazer o que é justo, fazer o que é bom para todos. No planejamento/planeamento das festividades, a principal preocupação é manter os rituais desse dia. No dia, quem assiste, quer que aconteça tudo como nos outros anos. Foi bom se tudo foi feito como é costume se fazer. Queremos que a vida melhore, mas queremos que os hábitos se repitam. Queremos e precisamos que a mudança aconteça, mas adoramos manter os rituais e os hábitos.

Queremos a mudança ou apenas dizemos que queremos?

Como com o nosso corpo, a natureza vai nos guiar para a mudança, vai impor os limites.

Ana Santos, professora, jornalista

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