portalbuglatino
Poesia sobre o que ainda não aconteceu

Falar, reconhecer
São passos do caminho
Mas é demasiado lento esse caminho
Parece que uma parte
não tem pressa
de chegar ao “fim”
Enquanto outra parte
anseia e o merece.
Caminhemos melhor
Mais determinados
Cheguemos ao fim
Chega de não chegar!!!!
“TREZE”
“Cansado de ser servido,
em prantos regados de cor e som
para comensais risonhos,
que dilaceram nossos valores,
com os dentes afiados.
Quero agora, no momento lúcido
gritar o necessário fato,
de que os treze ou treze
não nos diz nada além
do que vocês, caros convivas,
querem mostrar, encobrir, ostentar.
Criaram fotos coloridas,
comemorações festivas,
toques de tambores e atabaques,
para mostrar que somos
livres, felizes, e aceitos.
Tolas mentiras!
somos sim:
lascas de suor,
cortes de chicotes,
cheiro de fogão
entradas de serviço.
Precisamos fazer algo sim
para que ao invés
do paternalismo brutal
da gentil princesinha
haja a liberdade
de podermos realmente
abrir a porta desta senzala
para fazer a festa da cor real
do som dos atabaques
de danças e corpos
que rasgarão a noite,
os tempos
no verdadeiro canto
da ABOLIÇÃO que ainda não houve.”
José Carlos Limeira
“Siderações”
“Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo…
Num cortejo de cânticos alados
Os arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo…
Dos etéreos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de Visões levanta…
E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
Da Eternidade que nos Astros canta…”
Cruz e Sousa (1861-1898)
Poeta considerado como a maior expressão poética do Simbolismo