
Em época de festa
De Carnaval
Da alegria do encontro
O contrário ronda
O contrário existe
A vida é alegria e o contrário
“Contradições habituais”
“As palavras — disse — as palavras silenciosas, nossa única companhia;
procuradas, prolongadas (elas que nos prolongam);
a paisagem aprofunda-se; descobres não só os ossos,
mas também belos corpos, e asas —
que vestes enquanto elas te vestem e te volatilizam.
Partes. Somos encontrados atrás das portas,
atrás de paredes altas, bolorentas. Tu o sabes —
este é o único meio de comunicação. O tabique de madeira
a separar os quartos transforma-se em vidro. Vês as palavras
cair sobre a mesa nua do porão com um ruído cavo
juntamente com os insetos da noite à volta da lâmpada clandestina.”
Yannis Ritsos
“A Morte”
“Oh! que doce tristeza e que ternura
No olhar ansioso, aflito dos que morrem…
De que âncoras profundas se socorrem
Os que penetram nessa noite escura!
Da vida aos frios véus da sepultura
Vagos momentos trêmulos decorrem…
E dos olhos as lágrimas escorrem
Como faróis da humana Desventura.
Descem então aos golfos congelados
Os que na terra vagam suspirando,
Com os velhos corações tantalizados.
Tudo negro e sinistro vai rolando
Báratro a baixo, aos ecos soluçados
Do vendaval da Morte ondeando, uivando…”
Cruz e Sousa (1861-1898)
Poeta considerado como a maior expressão poética do Simbolismo
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