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“O DEFEITO VIRA DIFERENÇA SÓ QUANDO SE BANHA EM OURO?” e “Porque não?” Bug Sociedade

  • Foto do escritor: portalbuglatino
    portalbuglatino
  • 6 de ago. de 2024
  • 4 min de leitura

Kathleen Petyarre

“O DEFEITO VIRA DIFERENÇA SÓ QUANDO SE BANHA EM OURO?” Bug Sociedade

A Bia do Judô é gorda. A Rebeca é baixa. Fulano é “quatro olho”. O Presidente é nove dedos. É assim: todos sonham ser diferentes. Serem vistos, respeitados, de preferência amados e famosos. Mas enquanto ninguém sabe que a gente existe, a sociedade faz exatamente o contrário: “exige” que sejamos iguais a todo mundo. Atualmente até botando botox, facetas de resina nos dentes, preenchimento, reestruturação facial, lipoaspiração. Copiados um do outro, não importa: temos que ser iguais, senão saímos da moda. Mas, nos apaixonamos pela Rebeca, com 1,55 de altura e pela Bia, com 115 quilos. Torcemos, amamos.

A crueldade de invisibilizarmos pessoas que são como elas é diária. Você, mas não vê, vê, mas não enxerga, nota, diferencia. A Bia, com quase 1,80 metro, reclamou da invisibilidade social ao redor da sua vida. Rafaela, do judô - raça, disposição – apontada como masculinizada. Douglas, ex seleção de vôlei – não teve espaço para ser jogador e gay. Teve que sair ou “foi saído”, que essas coisas ficam sempre nos bastidores da nojeira humana das Confederações, seleções, comissões técnicas.

Quem sabe, na vida real, podemos começar a aceitar que “aquele diferente ali” tem apenas uma “diferença diferente da sua” – ou das suas porque sempre é mais do que uma – e paramos de apontar diferenças como se fossem “defeitos de fabricação”, mas sim características: A Flavinha tem 1,46 metro e é perfeita na ginástica. Então não precisamos chamar nenhuma menina do tamanho dela de “quase anã” no mercado, no shopping ou no metrô. Nem de velho, nem de gordo, nem de abobado, nem de macaco. Não faz sentido querermos a diferença, sonharmos com ela para, em seguida, criarmos sucessões de falas preconceituosas, de olhares que menosprezam, que nem veem as pessoas. Não faz sentido você ir para o samba só pra imitar macaco, enquanto as pessoas sambam.

A rainha da bateria, samba. A mais visível das mulheres, na avenida. Quem vai lá apontar as diferenças delas na cara da escola? Quem tem coragem de imitar macaco? Ninguém. Mas nas costas, fulana está gorda, magra, velha, feia, é “sapatão”. Nas costas, a coragem de ser mau aumenta, de se mostrar pra sua turma da baixaria.

Nessa hora, pense na Rebeca, na Flavinha, na Bia, na Ana Marcela e antes de adjetivar para o mal a sua vizinha, pense que Rebeca e Flavinha são muito pequenas, a Bia é gorda e Ana Marcela é gay, mas são todas campeãs maravilhosas. Pensou? Agora então dobre a língua, se contenha. Cada diferença molda limites que foram ultrapassados na vida de todos – delas também. Que tal você nos mostrar as suas diferenças, ao invés de tentar nos igualar a qualquer custo? Nos ignorar? Nos invisibilizar? Somos inexoravelmente todos humanos, nunca esqueça.

A nossa essência humana agradece.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

“Porque não?” Bug Sociedade

Mundo, quase, Perfeito. Podia ser assim sempre. Acompanhar a NBA, a Liga dos Campeões Europeus de Futebol – apelidada de Liga Milionária, por aqui, já me vão deixando bastante feliz, em cada ano. Acompanho tudo o que posso, de competições esportivas, mas estas duas são as que mais me fazem pensar e me manter atualizada, numa das paixões da minha vida – a Psicologia Esportiva. Mas que seria perfeito poder ter as Olimpíadas constantemente, lá isso seria. E poder ver também competições onde o país tem poucos adeptos e atletas.

Porquê não podemos ver Rebeca mais regularmente nas televisões, treinando, competindo com Simone Biles? Programas na televisão explicando como se surfa? Como se deve avaliar o mar? Os ventos? Que estimulem as pessoas a aprender a nadar? A aprender a andar de bicicleta? A quantidade de pessoas na Bahia, que não sabem nadar, nem andar de bicicleta, é enorme e é preciso resolver isso. Estimular a prática do tiro com arco? Do tênis de mesa? Do judô? Etc, etc, etc... Pequenos programas ensinando o básico dos cuidados num atleta? Sobre as técnicas básicas dos esportes? As bases do descanso e do sono, de alimentação, no esporte? Comentários de atletas medalhados nas olimpíadas, de incentivo à prática esportiva, de mentalidade lutadora, mas generosa? Sobre os cuidados com a saúde mental? Tudo isto na televisão de canal aberto? Tem tanta coisa que pode ser ensinada às pessoas e as pessoas precisam e merecem saber. Sabendo, desejam saber mais, abrem possibilidades nas suas vidas. E isso enriquece um país. E se disponibilizarmos informação, incentivo, ânimo, futuro saudável, esperança, às crianças e aos jovens, podemos enriquecer o país de forma muito mais consistente – vejam como a Espanha, a França, os Estados Unidos, a China, a Itália, melhoraram tanto seus esportes, renovaram atletas e times e já têm atletas poderosos e novos, no futuro próximo e distante.  

Hoje, dois momentos inesquecíveis:

Um, a reverência no podium, de Simone Biles e Jordan Chiles, para a Rebeca Andrade. Foi lindo.  Simone Biles é uma atleta de referência no mundo, mas é também uma pessoa de bom senso, verdadeira e nobre. E que responde com dignidade às patetices de Donald Trump e seu Vice, na referência aos “Black Jobs”, dizendo que “Ama seu Black Job”. E ela e Jordan Chiles, duas americanas reverenciando uma brasileira, foi maravilhoso de ver. Menina retada. Amo...

Dois, hoje o fenômeno Armand Duplantis, do salto à vara, tornou-se bicampeão olímpico, recordista olímpico e recordista mundial, aos 24 anos. “Se só pensasse em medalhas, estaria a passar ao lado de todo o significado do que faço. O objetivo é levar-me ao limite, elevar a fasquia o mais alto possível. Quero saber o quão alto consigo ir”. Esta frase de Mondo, explica claramente, que ele não aparece para competir com ninguém – compete consigo. E seus “adversários”, são seus amigos, o admiram e assistem aos seus saltos como fãs. Além disso, do lado de seus pais (seus treinadores também), estava assistindo e torcendo, um dos maiores atletas de salto à vara, da França, que terminou a carreira há bem pouco tempo. Como é bonito ver comportamentos do verdadeiro esporte – leal, focado na excelência, na amizade e no respeito – os “tais” valores olímpicos.

Estes atletas, todos têm histórias difíceis, dramáticas. Como as nossas vidas. Sejamos olímpicos, sempre. Em todas as situações.

Pode ser você, ou sua filha, ou sua vizinha. Ou uma desconhecida. Seja quem for a pessoa, você tem influência. Por favor, escolha a influência do bem, do elogio, do incentivo, do estímulo. Cada um tem seu caminho. Ajudar as outras não atrapalha o seu caminho. Porquê não, contribuir?

Ana Santos, professora, jornalista

 
 
 

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