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“NOSSO PROBLEMA DE COMUNICAÇÃO É URGENTE” e “Decidimos?” Bug Sociedade


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“NOSSO PROBLEMA DE COMUNICAÇÃO É URGENTE” Bug Sociedade

O Fantástico levantou o assunto bullying e esse tema me deixa sempre muito preocupada porque o bullying cresce na mesma medida em que diminui a comunicação interpessoal.

Parece uma repetição sem fim, mas é preciso que as pessoas compreendam o significado de não se comunicarem para poderem lutar contra esse processo – lembrando que o Bug Latino nasce e vive para alimentar a resistência à falta de comunicação reinante nas sociedades. Claro que sempre existiram os violentos. A nossa sociedade é violenta. Dizer a um filho “se você voltar da escola ‘apanhado’, vai apanhar em casa de novo” é extremamente violento – principalmente porque é um meio eficaz de emudecer o menino. O caso é que para o crime de assédio e para o crime de bullying transcorrerem e se manterem duradouros é necessário investir no silêncio, o que é seguido do crime da omissão – no qual a escola está se afundando até o pescoço. 

O Bug Latino fala de temas difíceis em programas que podem – e devem – ser usados como “um abridor das portas da comunicação”. E falamos de um tudo. De machismo estrutural a bullying, tentamos abrir portas de fala e de escuta para essa fala porque não é o caso de concordar ou discordar, quem dera – atualmente, é o caso de viver ou morrer.

Uma PM bateu numa mãe flagrada espancando a filha, um PM jogou spray de pimenta nos olhos do queixoso pobre e liberou o acusado de homicídio doloso milionário, as escolas fingem não perceber o bullying porque aqueles alunos “são problemáticos”, enquanto meninos maravilhosamente diferentes são torturados. O batalhão tático não quer aquele PM? Espanca! Um cara é do PT e o outro bolsonarista?  Dá tiro!

Há um esquema onde estão diminuindo drasticamente a troca de ideias através das palavras e poucos se preocupam em ensinar as crianças a resolverem seus problemas falando, enquanto se planta sem parar que o crente é melhor (ou pior, não importa), o do candomblé é pior (ou melhor, não importa), o católico é pecador, alguém é o comunista – e isso é pecado – alguém é conservador – e pode ofender quem não é. Chegamos ao ponto em que vemos (e aceitamos o conceito) o traficante do Senhor – destruindo casas de candomblé que têm uma história, uma tradição e uma fé. Uma coisa inaceitável para uma pessoa qualquer... para alguém que vive na Bahia, insuportável!

Antes de reagirem, explodirem – ouçam. Eu estudo o fenômeno da comunicação humana há mais de 40 anos. Não sou a chamada “especialista” com 4 anos de prática, acreditem. Quem sabe interpretar texto, atualmente? Quem pega uma página de livro e sabe o que está sendo dito ali? Quem sabe imaginar o cenário de um romance antigo? Quem sabe informar com objetividade uma dor, um mal estar difuso numa consulta médica? Quem consegue olhar uma situação e interpretar qual é a melhor coisa a se fazer? Quem sabe ler sem interrupções, silabações e hesitações uma história?

Estão nos tirando os meios de entender e interpretar o que acontece – a linguagem humana serve para isso – e nos colocam em competição, uns contra os outros, adversários no mínimo, inimigos se houver alguém com mais poder de ataque.

Temos que falar sobre isso.

Sobretudo: temos que falar uns com os outros.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

“Decidimos?” Bug Sociedade

Desenvolvemos o nosso corpo, o nosso cérebro, estudamos, aprendemos, trabalhamos, com a intenção de alcançar os nossos objetivos – ter dinheiro e reconhecimento. Pensando que é isso o mais importante e que seremos capazes de tudo o que desejamos. Quando não acontece apontamos a razão: o mundo dificultou, as pessoas atrapalharam, a vida é injusta.

Todas as nossas decisões são influenciadas – muitas vezes envenenadas – pelo que ouvimos, pelo que vemos, mas principalmente, pelo que sentimos. Cansados, irritados, tristes, chateados, feridos no nosso orgulho “besta”, com dor de cabeça, dor de estômago, com dor de barriga, é escolher. Tudo vai interferir nas decisões. Então é bom escolher a hora e o momento, mas sabemos que na maior parte das vezes somos apanhados de surpresa e não tem isso de tempo, de momento. É ali, naquele caos, naquela fragilidade, naquele perigo, que precisamos tomar a melhor das decisões. E aceitar que foi a melhor possível. Nunca existirá a perfeita. No esporte aprendemos a treinar, a ensaiar, para quando surgir um momento caos, conseguirmos fazer o melhor possível. Deveríamos treinar e ensaiar mais na vida.

Se estamos mais influenciáveis, se estamos doentes, se estamos incapazes, se temos mais contas para pagar do que o valor do salário, se nem salário temos, se em nossa volta tudo parece estar desmoronando – nós envelhecendo, ficando menos capazes, salários apertados, a família precisando de nós, filhos com problemas de saúde, o futuro cinzento, etc, o que nos podia parecer estranho, pode se tornar útil e vice-versa. Quando puder, escute Noreena Hertz, economista. Deixo aqui algumas informações para vos estimular. Estamos vivendo o século ou ciclo da solidão. Estudantes jovens das melhores universidades do mundo se sentem sós, pessoas que convivem em famílias numerosas se sentem sós. A violência contra a mulher na pandemia aumentou drasticamente expondo a possibilidade de muitas mulheres – demasiadas – se sentirem sós e não conseguirem pedir ajuda, pela vergonha ou pelo medo. A venda cada vez maior da “Alexa” que segundo Noreena é um dos recursos para aliviar a solidão e gerar conexão”. “A solidão está influenciando o voto popular” porque é uma forma de você se sentir fazendo parte de algo. E o problema é mundial. “3 de cada 5 jovens, com menos de 35 anos, estão frequentemente sós ou sempre. Um de cada 5 Millennials – Geração Y, nascidas entre 85 e 99, não tem amigos. 60% das pessoas com mais 60 anos, recebem visitas esporádicas. No Reino Unido, a principal companhia de 2 em cada 5 aposentados, é a TV ou um animal de estimação. No Japão, as prisões que mais aumentam são de aposentados, porque estão tão sós que cometem intencionalmente crimes para irem para a prisão e terem companhia, atenção. É um problema mundial que afeta a economia, a democracia e a saúde.”

Tudo está interligado. Todos estamos interligados. Se não estivermos bem, não somos capazes de ver com clareza, de decidir da melhor forma, de perceber que efeito as nossas decisões terão no nosso futuro. Cuidar da nossa saúde, física e mental, pode fazer muita diferença na nossa vida atual e futura.

Somos um ser social. Não tem jeito. Não adianta se afastar das pessoas e achar que tudo está errado e nós certos. Precisamos do convívio para o nosso equilíbrio. E vamos depender das pessoas, um dia. Breve ou não, esporádica ou permanentemente, vamos depender de outras pessoas. E acredite, vai nos saber muito bem poder contar com alguém, nessas horas.

Tomar decisões não é uma aprendizagem que se faz depois de um curso intensivo de um final de semana. É uma aprendizagem durante toda a vida. Que precisa da nossa humildade para recuar e mudar de decisão, se necessário for. É um caminho de acertos e erros. Uma caminhada. Fazer o possível para estarmos bem quando precisamos decidir. Pensar no futuro, mas também no presente. Diminuir comportamentos destrutivos – “já que não consegui o emprego, vou beber todos os dias até cair”, “a mulher que amo não me quer, vou fazer a vida dela um inferno”, “estou tão irritado que me apetece destruir tudo na minha frente”, etc. Diminuir o tempo assistindo vídeos horríveis, que estimulam o prazer pelo errado, criminoso, que ofende, que molesta, que humilha – tem gente ganhando milhões, trilhões, viciando a população a assistir ao que não presta, ao que faz mal a alguém. Treine as suas tomadas de decisão. Ensaie o que deve fazer em situações de risco. E não esqueça. Estamos no século da solidão. Como vai preparar-se para lidar com a sua?

Ana Santos, professora, jornalista

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