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“Houston? Deixamos de ter um problemão!” Bug Sociedade

“ANO NOVO E O MEDO QUE OS HOMENS SENTEM DO GÊNERO FEMININO” Bug Sociedade
O fim do ano mostra o “vexame masculino na porta dos quartéis “, além da perda total de controle, histeria, maluquice e, principalmente – o banditismo, o terrorismo, a prática de crimes. Pra quem literalmente “bate no peito e grita o nome de Deus em vão”, a distância entre respeito e obediência está ficando cada vez mais gigante.
Os homens, aliás, parecem nascer (muitos) com esse problema: não é propriamente a questão de se respeitar quem ele é, mas de se obedecer ao que ele manda, que importa – o que é ridículo. O que o gênero masculino sabe mais do que nós? Estudou mais? Pensa mais? Não, não, não – cá entre nós, costumamos, inclusive, ter muito mais vocabulário do que eles e para a solução de problemas é preciso falar, debater e negociar, ou seja, é preciso muitas palavras – e nós saímos na frente, como sempre.
Não é coisa de brasileiro retrógrado apenas – o Talibã tenta aprisionar a mente das mulheres cis e nem pensa na possibilidade de existência das mulheres trans; o Qatar faz da obediência, proibição e submissão seus cartões de visitas – e isso não esgota tudo o que acontece na Rússia, no Oriente Médio, na África, etc. Essas partes do mundo mostram sua estupidez, enquanto a outra parte – cheia de homens, claro – assiste. A FIFA deu “show de hipocrisia” e se rifou, praticamente – mas tudo coisa de homens de “fino trato”, comendo bifes de ouro e esquecendo que eles são emissários da política internacional que circulam pelo mundo. No nosso caso aqui, brasileiro, jogadores tão ricos de dinheiro e tão pobres de vocabulário – até me lembrei da revistinha do Riquinho, "o pobre menino rico" – tentavam colocar em palavras coisas simples como Pelé está doente, está hospitalizado, tem câncer, está velhinho, vai se recuperar se Deus quiser ou tudo o que não foi dito (porque não foi evocado, pensado ou sintetizado), em meio a hesitações, gagueiras e silêncios. E depois, lágrimas. Ninguém também foi capaz de analisar a falta de preparo do time para a derrota – e nem quero falar sobre a nossa capacidade ou não de ganhar, sabendo o que tínhamos que fazer taticamente. Choro, frustração e incapacidade de colocar tudo em palavras para levantar a cabeça e ir em frente. Homens...
Palpiteiros. Deus, Pátria, família, “minha” mulher “não faz, não pode, não usa, não quero, não admito”. Não se admite que ela faça xixi com pessoas do mesmo gênero (já me pergunto o que será que os homens fazem depois de cada xixi) – mas nenhum apoio é dado a criação de campanhas massivas contra o assédio, o estupro, o abandono de filhos – sim, porque o "aborto masculino" é totalmente permitido socialmente.
Assim, peço que em 2023 – pelo menos aqui no Brasil – nós possamos nos unir aos homens remanescentes desse machismo asqueroso para criarmos uma frente contra essa massa de pessoas – e que estão espalhados por todos os lados, gritando “cala boca” ou nos espancando, em busca desse “cala a boca”. Reafirmo a importância de nos unirmos em torno do gênero feminino para sermos maiores, mais fortes e representativas.
Os homens daqui querem virar arremedos de talibãs e espancam, matam, estupram – e agora explodem – violência a mil, poucas palavras. Só falta mesmo o “tacape”. 2023 pode ser mais um passo na direção da liberdade de ser – e vai ser. Que todas as mulheres “se sintam” assim e mergulhem. O mundo precisa de nós, mesmo quando esse cheiro de homem chucro me causa arrepios de desprazer absoluto. Desculpe, homens – mas tá bem difícil de aguentar “esse espetáculo” bizarro.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
“Houston? Deixamos de ter um problemão!” Bug Sociedade
As coisas não estão fáceis no mundo. Demasiadas pessoas sofrendo. A maior parte delas, sem culpa nenhuma. É tanto problema que, se quisermos fazer uma lista, tem sempre um problema que até esquecemos porque já se normalizou, se tornou crônico.
Por vezes precisamos respirar outros ares que não sejam os dos telejornais, o dos lamentos, os das dores que sentimos, ou que assistimos, para não estourarmos. Com as redes sociais e a dependência do celular/telemóvel, não sabemos como as pessoas esvaziam o seu estresse, como tentam ter momentos de recuperação. E nem sabemos se o fazem, já que o número de depressões, problemas mentais, aumento de agressividade, conflitos, suicídios, assassinatos, aumentam por todo o lado, sendo um sinal aparente de que se vai aguentando sem parar, até...
Rir sempre foi um bom remédio, mesmo que seja “induzido”. Você acha alguma coisa engraçada e aproveita para soltar a gargalhada, como se fosse mais engraçado do que foi. É bom, desde que não seja para fazer bullying com ninguém, desde que não seja para rir da desgraça alheia, já que os vídeos mais visualizados nas redes sociais são precisamente os que de alguma forma nos colocam a rir dos outros de forma pouco construtiva. Rir precisa continuar a ser um estímulo para a inteligência e algo saudável.
Caminhar, conversar, ler, ouvir música, visitar museus, contatar com a natureza, ir a eventos culturais, nadar, correr, pintar, desenhar, jardinar, cozinhar, etc. Existem milhões de formas saudáveis e gratuitas de esvaziar o “balão”, de diminuir o estresse na nossa vida, mas a vida nos engole.
Estudar, que para muitos foi colocado como um aborrecimento, é uma forma incrível de nos dar novos olhares, novas soluções, de nos incentivar para a criação, para a descoberta, de nos fazer sentir vivos e capazes. De reduzir o estresse a pó.
Experiências vicariantes são também formas muito fáceis e deliciosas de nos zerar as “nuvens negras” sobre a nossa vida. Pessoas, situações que você sabe que sempre que está com elas ou nelas, as situações, você se sente renovado, são regalias, melhores que medicamentos. Mas se forem pessoas inacessíveis a nível pessoal, como cientistas, músicos, artistas, personalidades globais, busque na internet. A filha e a neta de Albert Camus gravaram um programa onde falam desse ser humano extraordinário com quem tiveram a honra de conviver. Assistir a essa conversa é como tomar vitaminas. Num clique é como se estivéssemos sentados no sofá de casa com as duas. Magia. Este site “Aprendemos Juntos” é repleto de conversas incríveis, que salvam, que informam. É uma universidade informal dos tempos atuais.
Na música, cada um pode escolher milhões de exemplos. Deixo aqui o exemplo de Freddie Mercury, dos Queen, uma voz e uma energia, mesmo em tempos não muito fáceis da sua vida, que sempre nos deu um olhar do mundo com esperança e repleto de energia. Ouve-se uma música e as baterias estão carregadas.
Tudo isto sabemos e tudo isto esquecemos.
Em cada final de ano, tempo de acertar agulhas, rever comportamentos, organizar o futuro, pensar diferente. Se é homem olhe para as mulheres e veja-as como iguais. Se já o faz, traga mais um amigo para este lado. Se for mulher permita-se ser grandiosa, permita-se ser quem sempre sonhou. Não tolere proibições para trabalhar, para estudar, para pensar, para ser, para viver. Se for mulher combata estes comportamentos absurdos que outras mulheres sofrem. Não se contagie, não se cegue.
Em 2023 não teremos mais a presidência de Jair Bolsonaro. Uma benção. O pesadelo finalmente passou e agora é mais nítido ainda a falta de competência, de capacidade, de humanidade, de equilíbrio mental que comandou o país. Viver para crer. Como foi possível fazer tão mal ao Brasil? Tem muitas pessoas que precisam pagar pelo mal que fizeram. Não é vingança não, é justiça.
Por um 2023 justo, aqui estaremos no Bug Latino, contribuindo sempre.
Onde estão as suas fragilidades e como pode melhorar? Sabe aceitar a derrota? O que sempre quis corrigir mas nunca teve coragem? O que sempre sonhou aprender? O que não quer fazer mais? Não seja como os que fingem, seja de verdade, seja inteira. 2023, o ano de sonho. O ano dos normais, dos educados, dos equilibrados, dos justos, dos democratas, das mulheres, dos LGBTQIA+, dos de todas as cores e todas as religiões.
“Houston, deixamos de ter um enorme problema”. Reset. Comecemos de novo.
Ana Santos, professora, jornalista
Catherine Camus y Elisabeth Maisondieu-Camus, filha e neta de Albert Camus falam sobre a importância desse enorme gênio.