“ESQUERDA, VOLVER!” e “Drones como pessoas” e “Do otimismo trágico ou do orgulho de nada ser” Bug Sociedade
- portalbuglatino
- 15 de abr.
- 7 min de leitura

“ESQUERDA, VOLVER!” Bug Sociedade
Eu não me sinto de lado nenhum do espectro político; meu lado é o do povo porque eu sou o povo. Mas a coisa anda de um jeito que se o pessoal nos “xinga de comunistas”, estão ajudando a formar uma casta de pessoas absolutamente descontentes com o funcionamento da política, no Brasil.
Então o Glauber, que tem como pecado ser honesto, falar a verdade na cara, ser “sincericida” – o que é um enorme elogio, diante da corja com quem convivemos, se guarda a cassação como punição e para o resto – e o resto inclui tantos deputados bolsonaristas, que nem vale a pena citar um a um – quanto do centrão – um nome menos abjeto para “voto de aluguel”, partidos de aluguel, políticos de aluguel.
Veio o Glauber e denuncia o orçamento secreto, é ameaçado pelo ex todo poderoso da câmara, é provocado a sangue frio na frente de todo mundo, incluem sua mãe no final da vida entre as provocações e quando o homem – que também era um filho vendo sua mãe morrer e tendo aquele presunçoso da ultra direita fazendo bullying com a doença dela – reage, perde a cabeça e põe o sem graça pra fora do ambiente da câmara, é acusado e está sendo massacrado. Por quem?
Quem? Quem?
Se fosse na Escolinha do Prof. Raimundo diriam logo: “Raimundo Nonato”!
- Amado mestre, esta é uma questão que desperta a nossa ira, a nossa impaciência, o esgar de nojo porque quem fez, continua fazendo e usando como escudo a quem lhe tomou o lugar e deixa fazer. É uma câmara irreconhecível, que já viu Ulisses em ação e agora tem que se contentar com bananinhas e chupetinhas.
Onde fomos parar? Houve um tempo em que o eleitor poderia fazer seus próprios protestos e não transferir o título para que se discutisse o voto facultativo – para que esses preguiçosos de Brasília tivessem que, pelo menos, nos convencer a sair de casa em cada votação. SE quiséssemos, SE tivéssemos motivos razoáveis, SE aparecessem candidatos que prestassem e não essa mera repetição do filho do sobrenome tal ou sobrinho ou neto do sobrenome qual. Os sobrenomes viraram latifúndios – não podem ser trocados. Ninguém permite que novos nomes apareçam.
Assim, agora estamos obrigados não a escolher entre direita ou esquerda, mas entre democracia e ditadura. Que espécie de hiato mental caiu sobre as mentes das pessoas?
Quem acredita que nitidamente temos, não uma cirurgia de urgência – com uma tropa jogada em cima da cama do paciente de emergência tirando selfie, ao invés de lhe fazendo exames, atendendo o doente como se deve agir num caso de urgência médica?
Quem não viu que esta era uma cirurgia programada, “desenterrada das trevas do medo”? Até porque todos os “encrencados” da direita fazem a mesmíssima coisa e se internam, cada vez que esbarram com problemas com a justiça!
Desconfiem de mim. Peguem a lista de acusados no Google, perguntem a alguma IA, leiam jornais antigos. Verão que a quantidade de “internados, casa perfeitamente” com as ações do Ministério Público e da Polícia Federal.
Portanto, estamos apenas “virando os tais comunistas de ocasião” para defendermos a democracia. Além dos pouquíssimos bons políticos que nasceram depois da geração Ulisses, Brizola, Darcy Ribeiro, Luiza Erundina – que não por acaso ainda está lá, apoiando Glauber - e que são visíveis pelo trabalho e por serem de esquerda.
Poderiam ser de centro esquerda ou centro direita, mas agora todos foram trocados por “conservadores”. Mas deixo a pergunta: querem conservar o quê? A troca de temas que interessam ao Brasil como inflação, segurança pública, o comportamento da polícia nas blitzes, para privatização da praia ou mulheres trans não têm direito a fazer seu xixi em paz em qualquer banheiro feminino? Se é pra conservar essa nova geração encrenqueira, mal educada e incompetente, que fica ali tentando aparecer enrolada em bandeiras, xingando e desejando só que coisas ruins aconteçam com a gente – melhor é não conservar nenhum deles, votar bem e parar de “lacrar”.
Lembrando que se o Brasil for mal, todos nós ficaremos pior - e ainda por cima pagando o salário de quem não vota com o povo. Lembra? Ninguém precisa de um lado porque o nosso lado é o do povo.
Mais uma vez lembrando: o povo somos nós. Temos que nos unir contra a ditadura, já que algum idiota foi lá acordar esse tema caquético.
De novo!
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
“Drones como pessoas” Bug Sociedade
Podemos falar de drones, mas ao falarmos de drones, também estamos a falar de pessoas. De como elas se entendem ou não, de como elas se tratam ou não, de como elas se respeitam ou não. Afinal, quem utiliza um drone para o bem ou quem utiliza o drone para o mal, devem ter dificuldade em entender-se. Como com todo o resto na vida.
Ouvimos relatos impressionantes vindos da Palestina, onde drones israelitas chegam sozinhos, depois de serem lançadas bombas – as pessoas que não foram atingidas, estão deitadas, imóveis e eles se aproximam de seres humanos, principalmente de crianças e disparam. Veja aqui.
Drone gigante com capacidade de transportar até 150 kg já foi utilizado para libertar presos numa prisão na Bélgica. Aqui.
Drones podem ser utilizados também para melhorar as expedições ao Evereste. Recolha de lixo, transporte de carga, transporte de medicamentos, são algumas ações muito úteis.
E se lhe dissesse que os melhores drones da Europa, cabem na palma da mão, são da Tekever, nas Caldas da Rainha, em Portugal? Vigiam os mares europeus – pesca ilegal, rotas de tráfico humano do Mediterrâneo ao canal da Mancha - protegem os oleodutos em África e têm sido importantíssimos para a Ucrânia enfrentar a invasão da Rússia, que sofre desde 24 de fevereiro de 2022. Aqui. Têm vários modelos e cada um melhor do que o outro. São concebidos, construídos e finalizados apenas pela Tekever, desde o parafuso, até a quem decidem vender – ajudam a Ucrânia por considerarem que a razão está do lado do país que é invadido.
Drones, como as pessoas, mexem-se para fazer coisas boas ou más, pensam nos outros ou em si próprios. São manipulados ou orientados ou ensinados por pessoas de bem. Ou não. É uma escolha. Que a todo momento pode se manter ou melhorar. Ou piorar.
Tenho a sensação, apenas uma sensação, que estamos a ser estimulados para fazer mais vezes, ou sempre, o que não presta, não tem valor, ações que são apenas para gastar o tempo, ou para fazer mal a alguém. Apenas porque alguns descobriram uma forma de nos anestesiar, uma forma de nos explorar, uma forma de enriquecer rápido, uma forma de escravizar os outros dos novos tempos.
Tudo, em absoluto tudo o que é velho ou novo, antiquado ou moderno, se utilizado para fins baseados nos direitos humanos, hoje, parece ser alvo de escolha. As pessoas consideram que é uma escolha algo que devia ser fato – vou utilizar um drone, um carro, uma cozinha, um hotel, uma praia? Devo ter todos os cuidados para utilizar, curtir, sem prejudicar ninguém e deixar tudo como encontrei, para os que vierem depois de mim.
Uma faca é algo útil ou uma arma. A palavra é carinho ou agressão. O comportamento é admirável ou perturbador.
A gente pensa pela nossa cabeça ou se perde. A gente constrói uma vida, mesmo que seja simples, mas que nos honra, ou somos mais um roubando, enganando, fingindo, corrompendo. E não é um terno de marca, nem uma camisa impecavelmente branca e cheirosa, nem um vestido top, que mostra de que lado estamos.
É no drone que escolhemos e o que escolhemos fazer com ele.
Ana Santos, professora, jornalista
“Do otimismo trágico ou do orgulho de nada ser” Bug Sociedade
Tenho uma certa antipatia pelas comparações. Especialmente essa depressão depreciativa das coisas próprias, que faz com que os próprios depreciem as próprias coisas, tal que um atávico complexo de inferioridade. O desprezo pela política é tolo. O sentir-se inferior é martírio. O olhar deslumbrado para Europa e Estados Unidos e Japão, ou seja lá para qual objeto de desejo de cidadania, é invejoso e me aborrece. É como se a falência fosse uma condenação eterna do país, mesmo desfrutando sorridente da abundância que esse país lhe provém. Conheço uns quantos, que foram para distante do Brasil lavar latrinas e bajular estrangeiros, só para tirar a fotografia emblemática de alguma torre de ferro ou de Belém ou Liberdade, e meter inveja aos compatriotas, a dizer que toda a humilhação sofrida valia a pena de estar distante e alheio. Ah, maldita burguesia que volta, deportada ou falida para sentir saudade do que nunca foram, senão pitorescos entre os estrangeiros. Embrulha-me o estômago essa vontade de ser o que não seremos nunca, pelo fato de sermos diferentes, tal como todos o são. O grave problema é que nós nos envergonhamos do que somos, mesmo não sendo vergonhoso ser assim. Às vezes, com razão; às vezes, sem razão nenhuma. Até o termo que denuncia esse defeito moral é deprimente. Chamam a isso de "complexo de vira-lata", parafraseando um machista, misógino, direitista, preconceituoso da classe média, que odiava a própria classe e seus iguais: Nelson Rodrigues - quem criou a alcunha que lhe cabia bem, já que detestava os seus símiles e os enxergava, não mais, que cachorros. Tenho cansaço dessa apolitização orgulhosa e ignorante. Orgulho de ser apolítico e antissistêmico é o que faz com que elejamos os piores canalhas que fingem ser apolíticos e antissistêmicos para compor os quadros políticos do sistema que tanto detestamos. Irrita-me profundamente ver o orçamento secreto, mas a planificação da safadeza como caráter nacional, não ajuda. Ainda bem, que as ferrovias como projeto de Nação e marca de progresso são pouca coisa ante à fome que estamos a tentar debelar. Tomara um dia possamos ter cidadãos que se ufanam do País que temos, e os possamos chamar de patriotas, não, àquela imbecil massa de manobra que bate continência para a bandeira alienígena e olham melancólicos para os comboios de passageiros, como se fossem conquistas civilizatórias máximas. Espero que sejam patriotas aqueles que amam o próprio país e criticam os seus defeitos com projetos de futuro factíveis.
Geraldo Cohen, Advogado
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