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“DESEJOS DE ANO NOVO” e “Socorro, Inteligência Emocional” Bug Sociedade


A Virgem Velada, de Gian Lorenzo Bernini

“DESEJOS DE ANO NOVO” Bug Sociedade

Estamos falando cada vez menos – é um fato. Não apenas entre adultos – ninguém parece querer ensinar os bebês a falarem, tendo o “trabalho” de falar com eles. O bebê parece que agora precisará “se virar” para aprender sem exemplo nenhum, de ninguém. Sem estímulo verbal e sem estímulo motor também – ninguém parece muito interessado em dar a mãozinha e sair caminhando todo curvado para que o bebê aprenda a equilibrar a cabeça sobre o pescoço, engatinhe, faça o “macaquinho! e ande, finalmente. E depois disso treinar em cima, embaixo – que é bem diferente de em baixo, dentro e fora, direita e esquerda – sem o qual é impossível escrever.

O nome das disfunções se multiplica, mas lá dentro delas, vive a imaturidade da não experiência “diagnosticada” para justificar o que não foi feito. Daí para frente, é medicação, analfabetismo, tratamentos – quando brincar de cabra cega, chicotinho queimado, pick alto, esconde esconde, pular corda, jogar amarelinha, subir em árvore responderiam facilmente à “doença” de ficar sentado olhando para o celular, ao invés de viver.

Isso nos leva a um problema nosso, adulto – dos mais graves – os políticos não trabalham para diminuir a violência urbana, colocam polícia, câmeras, porrada, tiro, cassetete, pistola, mas não colocam estimulação, espaço físico apropriado, sensação de segurança, história e educação básica. E nós permitimos isso. Permitimos tudo, aliás. Compramos a ideia de que pagar por segurança, saúde, educação – tudo privado – era mais chique, dava status. Mentira. Deveríamos ter cobrado desde o primeiro centímetro fora da medida. Mas o primeiro centímetro foi na ditadura e naquele momento quem reclamava sumia, era preso, torturado, humilhado pela polícia. Esquecemos isso também e até o ano passado tínhamos um candidato a golpista de plantão completamente incoerente com o que merecíamos enquanto povo. O ano novo está logo ali na esquina e podemos continuar concordando com as pessoas apenas porque somos fãs delas ou entendendo quem somos e o que fazemos no mundo, nessa vida. Uma pessoa não pode ser religiosa e ao mesmo tempo propagar ódio, morte e vingança. Você dá bom dia, é cordial com as pessoas ao seu redor todos os dias? Ensina aos vizinhos novos em que dias passa o lixeiro? Separa suas latinhas, já que a Prefeitura de Salvador não atualiza nunca seu trabalho de educação ambiental? Conversa com as crianças, pede por favor? Quem é você dentro desse contexto louco da vida? Aquele que reclama: re-clama, clama duas vezes – ou aquele que faz alguma coisa?

Ao invés de almejar o botox de 2024, preencha a vida dos outros com a sua companhia, seu sorriso, separe suas latinhas, mesmo sem a ajuda do prefeito, do vereador, seja você a pessoa que vai fazer com eles sintam vergonha de gastar o nosso tempo falando de problemas que não temos. E por favor, se situe no mundo onde vive. Não fique olhando a vida com olhos de 80 anos atrás porque isso atrapalha. Portanto facilita se você aceitar remédios novos como maconha, vacinação como prevenção de doenças, convívio humano, sorriso, brincadeira – e muito papo porque essa grossura diante de problemas é mesmo ultrajante.

Feliz Ano Novo! Ah! E só aclame Jesus no Natal – e quem não falar em amor, descarte – é lixo.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

“Socorro, Inteligência Emocional” Bug Sociedade

Viver é espanto. Nem sempre no melhor sentido. Ouvir e ver o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, falar sobre o caso “das Gêmeas” é desolador. Em tudo o que até agora falou, nas suas palavras, nas suas expressões faciais, nos esquecimentos, ficamos a saber muito mais do que sobre o “caso”. E é tudo tão lamentável... Ricardo Araújo Pereira, no seu programa de domingo deu show ao falar desse assunto. Mas também nos seus olhos percebíamos a desilusão, a vergonha alheia, o espanto e a tristeza. Penso que todos os portugueses de bem sentem isso. Que prenda de Natal, meu Deus.

Foi divulgado o relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – Pisa. Os países com os melhores 6 resultados são: Cingapura/Singapura (1º), Macau (2º), Taiwan (3º), Hong-Kong (4º), Japão (5º) e Coreia (6º). Os países mais ricos desceram bastante seus resultados e a pandemia, como era esperado, afetou muito a evolução escolar dos alunos pelo mundo. Os resultados de 2018 já eram preocupantes, em 2023 estamos piores. Fica a preocupação, nada mais. Se fizermos uma comparação dos resultados do relatório Pisa, com o estado do casco de um barco, preocupa-me saber que já em 2018 se sabia que o casco estava em mau estado, mas nada se fez de urgente para resolver. Estamos em 2023 e os resultados pioraram. Mas dizemos que foi por causa da pandemia. Foi? Os alunos precisam aprender autonomias para superarem as próximas pandemias de uma forma mais madura, não prejudicando o seu desenvolvimento escolar. O casco do barco necessita de tratamento, prevenção e cuidado, mesmo que o dono do barco tenha pouco dinheiro, esteja doente, etc. Sem o casco, não existe barco, não existe futuro porque tudo se vai afundar. Em 2027 falaremos dos resultados de 2026 e infelizmente já podemos imaginar os resultados. Ao mesmo tempo, meu coração aperta de tristeza por perceber que vamos continuar a ter muitas preocupações, a gastar muito dinheiro, a investir muito – gastar mais, a reformar muito, a degradar cada vez mais a qualidade de vida dos professores. Mas fazer, mudar, agir, corrigir – ZERO. É de partir o coração.

Narges Mohammadi inicia greve de fome no dia em que recebe Nobel da Paz. Seus familiares vão receber o prêmio, enquanto ela está presa. Uma mulher, iraniana, que nos instiga e alerta para a vida real, para as atrocidades. O Nobel da Paz é uma enorme honra, mas é isso? Recebe o prêmio e continua presa? Não devíamos evoluir? Criar prêmios que dão direito à liberdade? Que dão direito a, pelo menos, ter a possibilidade de discutir, negociar, gerir ideias opostas, mas procurando soluções saudáveis? Vivemos numa apatia onde os prêmios parecem aliviar a nossa consciência. Mas é só isso que interessa?

“O corpo negro masculino é o ser matável deste país”. Frase de Joel Luiz Costa, advogado e defensor de direitos humanos na cidade do Rio de Janeiro. Obrigatório ouvir seu discurso histórico. Aqui. E veja aqui o encontro necessário, mas difícil, entre descendentes de africanos em navio negreiro com família de escravizador do Alabama. Tentando uma reconciliação. Dois passos importantes, de muitos passos que precisamos dar.  

Na inteligência emocional (IE) podemos dizer que existem 5 componentes – perceber as emoções quando elas ocorrem, administrar as emoções, exercer a capacidade de se auto motivar (a capacidade para mudar de vida), perceber as emoções nos outros e gerenciar as relações. A IE poderá ajudar muito na reconciliação de povos, de mágoas, de traumas, de dores, de injustiças. Pode ser um começo. Pense nisso.

Ana Santos, professora, jornalista

 

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