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“CAMPANHAS ELEITORAIS NADA OLÍMPICAS” e “A Deusa Rebeca” Bug Sociedade


Retirada do Site Telecom Ásia

“CAMPANHAS ELEITORAIS NADA OLÍMPICAS” Bug Sociedade

É incrível que as pessoas – já – tenham se dispersado da principal memória das Olimpíadas – que não é vencer o outro, mas sim vencer a si mesmo todos os dias.

Pensando nisso, achei que os candidatos a prefeito iriam falar de qual proveito tirariam do fato de que a Biles e a Rebeca citaram Salvador como um lugar a se conhecer, no Brasil. Se fariam centros de treinamento infantis (já que eu mesma ouvi as crianças da Escola Municipal pertinho de mim “berrarem e torcerem” por Rebeca na sua série de solo “cravada”). Se aproveitariam pra convidar a Bia do Judô, as duplas femininas de praia, se estariam em busca de ex-treinadores olímpicos para caçar novos talentos nas comunidades, se haveria a ideia de parcerias com Bahia e Vitória nessa busca. Qualquer ideia que aproveitasse o momento de entusiasmo extremo das crianças. Mas não.

Então, que falariam do lixo e de que ele se encontra no centro do problema ambiental gigante de Salvador, do número de ratos, na nenhuma participação nossa na divisão do lixo orgânico e inorgânico. Se o uso de campanhas publicitárias mostrando e propondo a separação das latinhas em outros sacos, para que o lixo das casas não seja cotidianamente rasgado e largado nas ruas já tinha sido estudado pela atual administração ou a dos novos candidatos. Também não. Então, com cooperativas atuantes retirando, com as comunidades, o lixo inorgânico, preso por grandes redes e trocando esse serviço por outro – o de documentação itinerante – com atendimento às comunidades feito na própria comunidade, em ônibus, tudo de graça. Não.

Talvez, desenvolver a ideia de que os cidadãos não são “crianças grandes” e não precisam ser “castigados a todo momento” pelos administradores. Ao contrário, os bons pagadores deveriam ser premiados com descontos nos impostos, incentivos no pagamento de taxas ou quaisquer outras ações que apontem para uma confiança que pode e deve existir de parte a parte e que nunca – nunca – parte do governo, seja ele municipal, estadual ou federal. Quem sabe isso começaria uma nova forma de relacionamento com os cidadãos, onde todos se veriam como responsáveis pela nossa cidade? Quem sabe usar os princípios olímpicos – que incluem excelência, não por acaso – para discutir temas tão sensíveis como educação? Hum... Não.

Quem está estimulando linguagem oral? Os candidatos acaso teriam percebido que as pessoas estão falando cada vez menos? Que é impossível escrever – um passo evolutivo além – se você não domina nem a expressão oral do seu idioma?

Os candidatos falam bem? Exprimem com clareza o que pensam? Apresentam seus objetivos com lógica? Nós sabemos medir isso ou ficamos torcendo só pra “haver barraco”? O que cada um de nós “acha” que pode fazer? Porque uma única ideia de cada pessoa pode revolucionar todos os sistemas públicos, já pensaram nisso? O Prefeito ouviria os cidadãos? Os cidadãos querem falar com o Prefeito?

Pois é. Comunicação inclui falar e sobretudo ouvir. Uma coisa que me perturba sempre é pensar o que vai acontecer se houver um acontecimento ligado ao clima extremo, aqui na cidade. Ninguém se comunicou com o cidadão comum, como eu. Devemos ir para qual lugar? Quem está na cidade baixa deve ir para onde? O plano inclinado nos salvaria? Ele está funcionando? Se a água do mar invadir o asfalto e as ruas, o que devemos fazer? Se chover como em Porto Alegre vamos morrer também? Alguém está planejando alguma coisa, acaso caia a mesma chuva, aqui?

Inquietante.

Comunicação não é colocar no comercial que a Prefeitura está trabalhando; nós precisamos confiar que isso está acontecendo. Nós confiamos? Quem mora nas partes baixas da cidade poderá confiar também? Todo nós podemos confiar ou vai ser cada um por si?

Eu achei que o debate falaria disso tudo, abriria novas portas. Mas não. O silêncio continua o mesmo de sempre...

Não deveríamos forçar o diálogo com eles antes?

Inquietante.

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV

 

“A Deusa Rebeca” Bug Sociedade

A Olimpíada do reencontro, da sustentabilidade, da diversidade, do feminino, da gentileza, da modernidade, terminou. 45 mil voluntários, 16 milhões de visitantes, 10 milhões de ingressos vendidos. Desta vez foi possível acompanhar as competições até pelos celulares. As pessoas que detestam futebol e a febre que o rodeia, aproximaram-se dos outros esportes. Gostaram. Quem sabe continuam a acompanhar.

Os Estados Unidos foram o país mais medalhado, empatado em ouros com a China (40), mas com muitas mais medalhas de prata. A França, ficou num honroso quinto lugar e deu um show de civilização, de humanidade, de trato, de convivência, de nobreza. Na final de vôlei de praia feminina, depois do “ligeiro” arrufo entre as atletas do Brasil e as atletas do Canadá, colocaram a canção de John Lennon, IMAGINE, e o público cantou em voz alta. Um gesto simples que transformou um momento tenso num momento de alegria. Gastaram milhões tentando recuperar o Rio Sena. Ficamos a saber que quando chove as águas voltam a poluir, mas estão muito perto de conseguir algo inimaginável – que os habitantes e visitantes de Paris, possam tomar banho no Sena, em pleno século XXI. Proporcionar a oportunidade de qualquer pessoa poder correr a maratona, no mesmo percurso dos atletas olímpicos, é de uma generosidade emocionante.

Brasil, 89º país em qualidade de vida, onde se comete um estupro a cada 6 minutos, com a quinta maior taxa de feminícidio no mundo, ficou em 20º, com 3 medalhas de ouro, 7 de prata e 10 de bronze. Destas 20 medalhas, 12 são de atletas femininas. As 3 de ouro, são apenas de mulheres – Rebeca Andrade, Bia Souza, Ana Patrícia e Duda. Mulheres que, como quase todas no país, sofreram bullying, ataques nas redes sociais, preconceito. Rebeca Andrade se tornou na pessoa com mais medalhas no Brasil – ultrapassou Robert Scheidt e Torben Grael, da Vela e Serginho, do Voleibol. Estes resultados têm muito significado e precisam ser entendidos. Rebeca deve passar a ser ouvida. Esta menina conseguiu mexer numa montanha gigante. Talvez as pessoas ainda não tenham entendido o tamanho do seu feito.

Os políticos, os educadores, os pais e mães, as famílias, precisam entender a importância do que dizem, fazem, respeitam, permitem, estimulam, nas crianças, nos jovens, nos outros adultos. Oferecer uma bola, uma corda, umas sapatilhas, um fato de banho. Levar as crianças e jovens a assistir e a experimentar modalidades diferentes. Assistir, junto com as crianças e jovens, em casa a outras modalidades, que não seja o Futebol, e ser comedido e respeitador ao comentar as jogadas, as vitórias, as derrotas e ao falar do treinador, dos jogadores e da arbitragem. Ter sempre um comentário de esperança e de ânimo, quando as crianças e jovens erram ou desanimam – na verdade deveria ser em relação a todas as pessoas. Podemos fazer tanto pelos outros...e essa possibilidade existe palpitante numa palavra, num gesto, num sorriso.

Não existem limites para as mulheres do Brasil e não é justo que outros seres humanos as limitem, as maltratem, as impeçam de ser. Os problemas ou crimes não são só responsabilidade de quem os comete, também são responsabilidade de todos os que permitem ou dos que distraidamente não reparam em nada, não se preocupam com nada. Um país e seus habitantes não podem ficar assistindo à destruição de um dos maiores patrimônios e riquezas do país – as mulheres e o gênero feminino.

Um país, o nosso país, é também aquilo que lhe damos, aquilo que fazemos por ele, aquilo que acreditamos, aquilo que desejamos e o quanto nos unimos.

E aí Brasil? Rebeca Andrade está chamando a gente para caminhar com ela. O caminho, ela o abriu. Colocou uma lanterninha, lá no fundo, onde ela está, chamando baixinho, mas com muito carinho, por todas nós. Vamos? Vamos, vamos...

Ana Santos, professora, jornalista

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