top of page
Buscar
  • Foto do escritorportalbuglatino

“A PALESTINA É AQUI” e “20 Watts” Bug Sociedade


Diana Markosian é uma artista americana de ascendência armênia que trabalha como fotógrafa documental, escritora e cineasta.

“A PALESTINA É AQUI” Bug Sociedade

Vemos o que nos colocam em frente aos olhos – normalmente, o que nós do jornalismo ressaltamos. Parece que sempre há algo grave acontecendo com os outros - lá longe, de preferência.

“O mundo está mais miserável, temos mais refugiados, olhem, os refugiados estão fugindo, meu Deus, eles estão morrendo afogados no caminho, e agora que ninguém quer ficar com eles, nossa, a Rússia invadiu a Ucrânia, o Volodimir Zelensky não quer fugir de lá, ih, virou guerra mesmo, o Hamas trucidou um bocado de israelenses, os palestinos estão pagando o pato, a culpa é do palestino, a culpa é do israelense, não, do palestino, não, do israelense”... você é comunista, red donkey, red donkey...

São palavras que nos distraem das nossas Palestinas de todo dia, gente. Não que isso não seja importante; apenas que já devia estar resolvido, apenas que existem regras que os mais fortes insistem em descumprir e os “baba sacos” deles insistem em aceitar. Qual é a pena para uma guerra, quando ela dura X tempo? Cumpra-se. É assim pra nós que somos tratados como seres inferiores, que nasceram para pagar ou sermos castigados porque não pagamos.

Isso é governo internacional? Ninguém viu a dor cotidiana dos palestinos e dos baianos, sergipanos, brasileiros pobres, pessoas do mundo presas só por serem pobres, exploradas por serem pobres, por terem roubado 1 quilo de carne, por serem julgadas por quem nunca sentiu falta de comida nenhuma na vida, pelos brancos que vemos como gatos pingados no Brasil e que nos julgam - nós os mestiços que se negam (como eu) a auto denominarem-se pardos – pardo é papel de envelope.

Me cobraram um suposto imposto de 2012, em 2023, quando me mandam guardar os impostos por 5 anos... O Governo não deveria me pedir desculpas? Mas não – me mandou a conta. Fui multada por estacionar num lugar irregular de um shopping de Salvador onde nunca fui – nem sei onde é. Tinha que provar que não tinha lá ido e como não consegui porque nunca lá fui, mesmo colocando minha geolocalização no Google Maps, adivinhe - tive que pagar a multa assim mesmo. Não podemos discordar do guarda, da Secretaria de Fazenda, não podemos discordar da Transalvador – absurdamente injusta; o mundo é feito para que hajam palestinos travestidos de brasileiros, haitianos, argentinos... e também temos que ter sempre bom senso na hora de votar, embora os políticos não tenham senso nenhum, nem planejamento, nem “educação da mamãe”, atualmente.

A Palestina é logo ali e logo aqui. Fael quis expor suas obras no Mercadão de Madureira e não deixaram porque ele foi muito... honesto, talvez.

O fato é que a imprensa nos distrai de nós mesmos e não pode mais ser assim. Tem sempre a notícia pior, mas nossa vida está ficando pior enquanto isso, o mundo está piorando, estamos piores, mais cruéis e indiferentes com o que podemos fazer para nos salvar de nós mesmos.

Nos salvar de nós mesmos... quem pode fazer isso? Nós podemos fazer algo juntos? Podemos ser melhores? Não morrer de tiro na escola, darmos aulas sossegados, rirmos do menino que escorregou, mas o levantarmos do chão, dividirmos nossa merendinha de casa com intimidade? Podemos? Podemos falar uns com os outros? Podemos viver? Viver?

Ai, a Palestina também é aqui. Hoje e até nem sei quando. Ai – a Palestina também é aqui...

Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV


“20 Watts” Bug Sociedade

Que valor tem o dinheiro? Que valor tem o que cada um de nós sabe ou faz? Que valor tem cada um de nós? O valor da morte é medido pela forma como morremos? O que sofremos antes de morrer? Valemos mais ou menos se somos israelitas, ou palestinianos, ou russos, ou ucranianos, ou baianos, ou cariocas, ou da comunidade, ou dos bairros de luxo?

O gol/golo que um jogador de futebol marca é mais importante do que a vida que um cirurgião salva? O nosso valor mede-se pelo trabalho que temos? Pelo que ganhamos? Pelos que dependem de nós? Pelos “amigos” que temos?

Desde o início do ano que a Netflix despediu centenas de pessoas e a Disney Plus 7 mil. A Amazone 18 mil em janeiro e mais 8 mil em agosto. Este mês, Google dispensou 12 mil, LinkedIn 660 pessoas e a Nokia vai dispensar entre 9 a 14 mil pessoas. Que talentos tinham para entrar e que talentos perderam para sair? Quem serão os escolhidos? Os que chegam atrasados? Os que faltam mais vezes? Os mais velhos? Os doentes? As mulheres? A população LGBTQIAPN+? A população afrodescendente? Os pobres? Os incompetentes? Como se mede hoje em dia a incompetência? O que é incompetência? Não fazer parte dos “esquemas”? Apontar as injustiças? Não ter “padrinhos”, “protetores”, “familiares”, “amigos? O mundo do emprego - ou trabalho - está doente, viciado, empobrecido, minado. Existem novas capacidades que testam teu caráter, tua nobreza. E a falta dela.


Os jornais e telejornais e rádios e redes sociais debatiam o problema dos campos de refugiados, depois esqueceram esse problema e falavam dos refugiados que continuam a chegar à costa dos países da Europa. Veio a pandemia e o resto deixou de existir. A Rússia invadiu a Ucrânia e passou a ser apenas esse o assunto, 24 horas. O Hamas atacou Israel, e isso e tudo o que despoletou e vai despoletar, é notícia, 24 horas por dia. Como um problema grave desaparece quando surge um novo problema igualmente grave? O que será do jornalismo se as guerras e os problemas terminarem?

Entretanto, na calada da noite - enquanto você, preocupado com o mundo não tira os olhos da TV, dos jornais e das redes sociais no seu telemóvel/celular - chegam os despedimentos embrulhados em sorrisos amarelos e as frases “lamento muito mas”, chegam cartas pelo correio dizendo que você não pagou impostos de 2012 – não era para guardar papeis de 5 anos atrás? Chegam multas de lugares onde você nem esteve, surgem taxas de manutenção de contas bancárias, taxas de transferências bancárias – se forem transferências bancárias internacionais, você paga quando o dinheiro sai de um país e quando chega no outro país, avariam eletrodomésticos, o carro, avaria você...

O que salva você no meio deste caos mundano e mundial?

Quando se sentir uma pessoa amassada pelas injustiças, recorde o que diz Stanislas Dehaene: “todos temos um cérebro, a máquina mais extraordinária do universo, com aproximadamente 86 milhões de neurônios, interconectados. Cada neurônio é uma espécie de microprocessador, ao se conectar com uma média de outros 10 mil neurônios, com um bilhão de sinapses – pontos de contacto entre neurônios. Uma maravilha da natureza com apenas um quilo e meio de peso e que consome 20 Watts.

Ana Santos, professora, jornalista

85 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page