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  • Ana Santos, Portuguesa

Ciclos, não correntes


Queremos tanto ajudar, proteger nosso filhos que acabamos por não os preparar para o que a vida vai exigir deles. Um ciclo que nunca quebra. Todos tivemos de aprender tarde o que a proteção familiar impediu que “sofrêssemos” e aprendêssemos. E no fim da vida sabemos melhor como poderíamos ter feito. Mas os mais novos não acreditam nos avisos dos mais velhos e vão aprender tarde também. Repetindo o ciclo de novo.

Passamos nossos medos para os mais novos, sob forma de cuidado, avisando dos perigos da vida. Afinal, estamos a escurecer seu futuro sem saber, como fizeram conosco. Apontamos as melhores escolhas de profissão, de vida pessoal. Afinal estamos a tentar viver por eles e a dificultar a vida que desejam, que sentem dentro deles.

Quando somos jovens, estamos cheios de ideias inovadoras e de energia capazes de enfrentar tudo na vida. Sentimos que dominamos o mundo, sentimos capacidade de conseguir fazer tudo, forças para tudo, ideias para resolver qualquer situação. Discordamos em alguns momentos dos que amamos e que são mais velhos, com ideias melhores, mais criativas, inovadoras e inteligentes. Estamos contra todo o tipo de preconceito e discriminação. Mas, quando nos tornamos adultos, de alguma forma deixamos crescer medos em nós e recuamos em todas ou quase todas as ideias inovadoras. Recuamos e fazemos o mesmo que os mais velhos fazem. Por que os medos nascem e se desenvolvem dentro de nós, os preconceitos aumentam. Como se fossemos lutar contra o leão, mas quando o leão se aproxima mais, o medo nos invade e vamos para o que nos é confortável, para o que sabemos que dá certo, para o que nos ensinaram que protege. O ciclo de novo se mantendo. E os que mais recuam, geralmente mais filhos têm, o que significa que mais pessoas vão recuar.

Todos precisam de aprender a quebrar ciclos. Pela saúde e pela felicidade de todos. Todos precisam de aprender a tomar decisões desde crianças, a enfrentar os receios antes deles virarem medos e virarem bloqueios e virarem rotinas infelizes. Todos precisam de proteger de braços abertos os que mais amam, deixando voar, acompanhando e apoiando os voos, disponíveis para ouvir os desabafos, as dúvidas. Tentando entender tudo o que parece errado e confuso. Ajudar e ouvir se for necessário. Os que são mais jovens precisam de comunicar o que sentem e desejam, para que os mais velhos entendam. Para que todos se entendam.

E, todos precisam de tratar todos de igual forma. Não existem eleitos, nem preferidos, nem melhores, nem mais capazes. Essas divisões e rótulos, destroem famílias, destroem a vida de qualquer gênio.

Cada um precisa de tentar ser o que deseja e sonha. E os outros devem estar disponíveis para acompanhar o caminho, aplaudir quando o sonho foi concretizado ou confortar quando não foi possível, dessa vez, o que se deseja.

A vida não é uma competição para ver quem é o melhor. Talvez uma dança que mistura dor e felicidade e que precisamos dançar juntos. Umas vezes ensinamos, outras vezes aprendemos. O caminho é sempre aprender mais, depois de errar, depois de acertar. Sempre.


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