Que filme incrível pra retratar a tristeza e as perdas, numa vida... há uma dor que faz parte de tudo – do cenário, do inverno, do silêncio – e ali, tudo é morte. Depois, a direção de Robin Wright muda o foco e o mesmo cenário, os mesmos elementos, são tranquilizadores, maduros e autônomos, num caminhar de uma beleza ímpar.
Aliás a atuação Robin Wright é incrível. É muito difícil desenhar sentimentos tão profundos como a dor sem exagerar ou subdimensionar e ela o fez com total maestria, seguida de perto por Demian Bichir. O filme é o que eles construíram. Ainda assim, todas as outras participações são sólidas – não há nenhum ator que passe por seu papel sem nos deixar uma marca de força e cuidado.
O cenário é deslumbrantemente árido, gélido, com tomadas muito difíceis, como o ataque de um urso. Luz muito bem feita, apesar de momentos escuros. Vale cada minuto. Inclusive, vale demais aproveitar o filme e falar de perdas, de lutos e que muitos deles não são só relacionados à pessoas, mas a “seguranças” – e que devemos passar por eles, crescer com eles.
Aproveitem para não deixarem nenhum sentimento sem menção. Cada emoção falada é, certamente, melhor compreendida e nós estamos precisando falar de quem somos, o que é importante de verdade, o que queremos. Vale à pena.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Um filme que nada tem de bobo e que quanto mais experiências duras e difíceis, de luto e dor, tivermos vivido, mais nos tocará. Uma mulher ferida profundamente com a perda de pessoas muito importantes na sua vida, resolve se mudar para um lugar longe dos seres humanos. Quem não teve já essa vontade? Acontece que a vida, sem a ajuda dos outros, é totalmente diferente – implacável. E além disso, fugir da dor e do sofrimento, bem tentamos, mas só enfrentando é que ele se vai embora. Ou se dilui. Ou se acalma. Ou se transforma numa coisa boa.
Robin Wright, dirige e faz o papel dessa mulher que se afasta do mundo dos humanos para tentar sobreviver. O filme circula pelas fases do luto de uma forma muito bonita, principalmente nas fases finais. Porque no início, até nós, os espetadores, reagimos desfavoravelmente à presença de outras pessoas junto dela. E, em determinado momento, parece que o filme vai virar um filme de terror ou de envolvimento amoroso. Mas continua a mostrar-nos a vida, nua e crua, mas também espantosa e surpreendente. A forma especial como as pessoas que já sofreram cuidam das que sofrem, a percepção de que muitas vezes vemos maldade onde não existe ou não percebemos a maldade onde ela está, as formas de amor, o que é uma verdadeira amizade, etc. Tem muito para apreciar, pensar, e quem sabe até resolver na sua vida.
Trilha sonora divinal com versões maravilhosas de músicas antigas e bem conhecidas. Soberbos atores. Paisagem sensacional.
Um filme a não perder.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Uma mulher de luto busca uma nova vida, fora do Wyoming.
Direção: Robin Wright
Elenco: Robin Wright, Demián Bichir, Sarah Dawn Pledge.
Trailer e informações: