Deveria ser uma comédia, mas é tenso do começo ao fim, preconceituoso e profundo ao apontar sem medo que cada “profundo” pode ser ocultado e que a sociedade, os nossos “amigos” preferem mesmo o segredo dos assuntos rasos, disfarçados – muito bem – de bem humorados.
Nessa nova geração de filmes bem mais baratos por serem feitos dentro de um único set, com um único cenário em todas as cenas, NADA A ESCONDER tem uma trama forte, moderna e que retrata o que se vê em toda parte: a “suposta inviolabilidade” dos nossos celulares – algo não falado, mas de alguma forma presumido. E aqueles celulares tinham tanto a falar na noite do encontro daqueles casais...
Uma trama que começa informal, entre amigos de anos e que vai se transformando num suspense cheio de voltas, meneios e motivos a cada nova mensagem de texto e chamada recebida. Incrível como os atores primeiro se apropriam dos silêncios para nos gerar tensão e depois explodem em palavras. Genial.
Claro que há um componente de ficção muito forte para, ao final, “dispersar nossa energia”. Mas a ficção está cercada de vida real por todos os lados, criando uma “ilha momentânea” que é suficiente para nos fazer sentir.
Ninguém esconde nada, meu celular “é um livro aberto”, parece até um jogo dispensável e sem graça. Só que não.
Ainda precisamos nos acostumar um pouco com essa nova modalidade de filme, mas americanos e europeus estão se apropriando da técnica – um elenco inteiro num set que não muda. Muita ação verbal, muitas micro expressões, muita novidade pequena, micro, que se agiganta diante das câmeras.
No final do filme você se pergunta se precisa que seu celular tenha senha, se é apenas um mecanismo antifurto ou...
Que segredos seu celular tem a esconder do mundo?
Eu adorei!
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e Tv
Bons atores, cenário moderno e simplista, análise e abordagens de relacionamentos, de amizades, da verdade e viagem na vida de cada um. Para quem é novo, um filme com muito humor e por vezes monótono. Para quem já viveu “alguma vida”, nomeadamente para quem viveu junto de pessoas “verdadeiras”, um filme para carpir mágoas, para rir do que foi e do que para muitos ainda é. Recordei tantos jantares, tantos encontros que tudo pareciam e nada eram na verdade. Quem sabe você também recorda. Nos dá a medida da maturidade que agora temos, e dos passos certos que demos.
Amigos “verdadeiros” que no momento da verdade nada são afinal. Casais “perfeitos” que quando se abre a caixa de pandora nada são. Pessoas que se apresentam como intocáveis nas amizades, nos relacionamentos, na família e quando abrimos a “caixa negra”, dá vontade de fugir. Mas nem tudo é a descer no filme. Tem no mínimo, dois momentos mágicos, onde os que sempre são considerados menores, patéticos, mostram a magia, a verdade. Ser sem medo do que os outros acham ou decidem na vida, ou mostrar os medos abertamente mas amar, cuidar verdadeiramente, é capaz de ser um bom caminho, uma boa escolha.
Um filme que aborda muita coisa, muito tema, muitas questões sociais, familiares, de relacionamento. Um prato cheio para uma boa conversa no final. Se você engana alguém, ou a si mesmo, evite o filme. Vai morrer de vergonha. Se tem vergonha na cara, claro... Se não está feliz e procura saídas, soluções, verá que não está sozinho e quem sabe encontra portas no filme. Tem algumas...
Ana Santos, professora, jornalista
Informações sobre o filme:
Sinopse: 3,5 casais se encontram para jantar. Os homens se conhecem há décadas. Depois do jantar, eles jogam um jogo de troca de mensagens de texto, ligações, e-mails, etc., colocando todos os 7 telefones celulares sobre a mesa. Resultados inesperados, pois todos têm segredos.
Diretor: Fred Cavayé
Elenco: Bérénice Bejo, Suzanne Clément, Stéphane De Groodt
Eu não tenho NETFLIX e vejo muito pouco TV ... Mas o filme parece-me muito simplista e afinal toda a gente sabe que as redes sociais são um livro aberto de toda a gente que usa a NET ... Eu não tenho segredos publicados na NET mas o suficiente para saber que qualquer pessoa me pode localizar mas não receio grandes interferências ...
Entretanto , a vossa critica do filme é excelente e quase não é preciso vê-lo ...
Bom trabalho ! 😘😘