
Como todos sabem, de vez em quando a gente vê alguma coisa do universo teen e não foi sacrifício nenhum assistir a QUASE UMA ROCKSTAR dessa vez. Aquilo que no roteiro, para os adultos, é um pouco “água com açúcar”, fica muito lindo, fofo e um tanto dramático (lembrando que drama é ação, certo?) do ponto de vista adolescente porque a protagonista sofre bastante, quase desiste e é amparada pelo seu crush com a firmeza, o carinho e a atenção necessária. É engraçado porque o filme é teen, mas na realidade, mil vezes a gente vê pessoas que só querem assimilar da vida o papel de quem sente a dor, a culpa, o remorso, quando você precisa defender um pouco a sua sanidade e sair “do lugar que parece que os outros querem que você ocupe”. Não é porque as coisas continuam acontecendo com os outros que você perde o motivo de ter reagido e saído da situação – e é claro que isso aconteceu com a protagonista, que se vê às voltas com uma total desorganização familiar e, quando rompe com a mãe, ela morre.
É um filme de argumento conhecido, mas sempre vale a pena repetir cenicamente que deve existir empatia e preocupação com o bem estar uns dos outros – e que isso nada tem a ver com “ajudar os pobres”. No caso do filme, era a menina pobre que iluminava os dias das pessoas, que lhes levava alegria e que teve tudo isso de volta no tempo e lugares certos.
No final eu chorei bastante, amei a forma como ela interage com o cachorrinho, amei como ela interage com seus alunos, no asilo, amei sua voz.
Nada de “fotografias homéricas”, mas dentro da sua proposta, QUASE UMA ROCKSTAR tem momentos adoráveis, boas interpretações, indicações de grandes intérpretes do soul/jazz, lágrimas, sentimentos e amores. O que se poderia querer mais, num final de semana? É pegar seu adolescente preferido, colocar debaixo do braço com uma pipoca e aproveitar cada minuto.
Ana Ribeiro, diretora de cinema, teatro e TV
Não é uma super produção, mas não deixa de ser super interessante. Tem atores jovens, mas muito talentosos. Tem a grande Carol Burnett, num papel secundário, já muito velhinha, mas sempre uma atriz soberba. Soberba. Uma lição de representação.
Uma história que representa tantas e tantas histórias de vida por esse mundo fora. Pessoas que não têm nem casa para morar, que não conseguem se cuidar e ter uma vida equilibrada, muito menos proporcionar isso aos filhos. Tentam solucionar, mas ao fazê-lo, ainda pioram mais as coisas. Como a vida pode também fazer curvas bem apertadas e nos obrigar a frear/travar ou mudar. Jovens, que sem condições nenhumas de vida, conseguem trabalhar, estudar, colaborar. Conseguem e são pessoas incríveis.
Acredito muito no retorno, em relação ao que fazemos. Sempre amei ler isso nos livros de Gabriel Garcia Márquez. Este filme aponta isso com clareza e com carinho. Tudo o que fazemos de bom com e para os outros, de alguma forma pode retornar para nós. E muitas vezes nas piores alturas, isto é, quando mais precisamos. Mas a bondade genuína, não a bondade interesseira que se realiza para ter de volta algo. Aquela bondade que apenas quer o bem, que se entrega. Cada vez mais rara. Também por isso é bom ver este filme. Um pouco cor de rosa demais, mas no meio dessa leveza nos relembra a importância desse valor humano. A importância de não desistir, de acreditar nos nossos valores, de acreditar que vamos encontrar a brecha por onde chegaremos ao sol. E que os verdadeiros amigos estarão presentes e ajudarão no que puderem, sempre.
Se sua vida já teve percalços, mesmo sendo um filme suave, aconselho a ver. Lava a alma no momento da vida do Brasil, do mundo, onde parecem só existir “espertos”, “enganadores”, “aldrabões”, “amigos falsos”. Filme com gente verdadeira, bondade verdadeira, amigos de verdade, vida de verdade.
Ana Santos, professora, jornalista
Sinopse: Uma adolescente talentosa esconde de todos que mora em um ônibus. Mas quando uma tragédia muda a sua vida, ela precisa aprender a confiar nos outros.
Diretor: Brett Haley
Elenco: Auli'i Cravalho, Rhenzy Feliz, Justina Machado.
Trailer e informações:
https://www.imdb.com/title/tt3155342/
https://www.netflix.com/br/title/80237870